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Presidente da Turquia gera polêmica ao declarar que mulheres sem filhos 'são incompletas'

7 jun 2016 - 06h23
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, gerou polêmica ao dizer que mulheres sem filhos são "incompletas" e "deficientes".

As declarações foram feitas diante de uma multidão de apoiadores, durante um comício organizado pela Associação de Democracia e Mulheres da Turquia, em Istambul.

Segundo Erdogan, as mulheres devem ter pelo menos três filhos.

"Uma mulher que nega ser mãe, que se recusa a cuidar da casa, é incompleta e deficiente", disse ele, pai de quatro filhos.

O presidente turco defendeu o direito das mulheres a ter carreiras professionais bem sucedidas ─ mas destacou que isso não pode ser um "obstáculo" para a maternidade.

Não é a primeira vez que Erdogan faz declarações polêmicas sobre o assunto.

No início da semana, ele pediu aos muçulmanos que abandonem métodos contraceptivos e tenham mais filhos.

Já em um pronunciamento na TV no último dia 30 de maio, Erdogan destacou que "nenhuma família muçulmana" deve considerar controle de natalidade ou planejamento familiar.

"Vamos multiplicar nossos descendentes", disse Erdogan, que se tornou presidente em agosto de 2014 depois de ocupar o cargo de primeiro-ministro do país durante 12 anos.

Seu partido, o AK, tem forte ligação religiosa e muitos de seus apoiadores são muçulmanos conservadores.

Em uma cerimônia de casamento em 2014, ele descreveu os métodos contraceptivos como uma "traição".

Em outra ocasião, Erdogan também disse que homens e mulheres não devem ser "tratados como iguais".

Críticas

No entanto, mulheres turcas entrevistas pela BBC criticaram as declarações do presidente, independente de suas posições políticas.

"Minha filha não é casada. Ela tem 38 anos. Mas não acho que ela é incompleta. Isso é um insulto", disse uma mulher.

"Cabe a Deus decidir se uma mulher pode ou não ser mãe. Não se trata de ser incompleta. É vergonhoso", completou outra.

Ativistas feministas organizaram um protesto contra as últimas declarações de Erdogan. Em um cartazes, lia-se a frase: "Inimigos das mulheres devem parar de falar: isso nos salvará".

"Quando o presidente fala dessa forma sobre as mulheres, a polícia, o Judiciário, ou pessoas que trabalham no setor da saúde começam a usar a mesma retórica. Isso representa uma ameaça enorme às nossas vidas e há maior violência contra as mulheres", disse uma ativista.

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