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Mundo

Premiê britânico promete referendo sobre permanência na UE

23 jan 2013 - 10h13
(atualizado às 10h43)
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu nesta quarta-feira convocar um referendo no qual a população do país dirá claramente se deseja permanecer na União Europeia ou sair do bloco, o que alvoroçou os principais aliados e alguns investidores.

Premiê britânico, David Cameron, faz discurso sobre a União Europeia e o papel da Grã Bretenha no bloco, em Londres. 23/01/2013
Premiê britânico, David Cameron, faz discurso sobre a União Europeia e o papel da Grã Bretenha no bloco, em Londres. 23/01/2013
Foto: Suzanne Plunkett / Reuters

Cameron encerrou meses de especulações ao anunciar num discurso a intenção de realizar a votação antes do fim de 2017, desde que ele se reeleja em 2015. O premiê disse que a Grã-Bretanha não quer se isolar do mundo, mas que a desilusão da opinião pública com a UE nunca foi tão alta.

"É hora de o povo britânico falar. É hora de resolvermos essa questão sobre a Grã-Bretanha e a Europa", disse Cameron, acrescentando que seu Partido Conservador deve fazer campanha para a eleição de 2015 prometendo renegociar a participação britânica na UE.

"Quando tivermos negociado esse novo acordo, vamos dar ao povo britânico um referendo com uma escolha muito simples, dentro ou fora, sobre permanecer na União Europeia com base nesses novos termos, ou sair de uma vez."

Seria a segunda votação desse tipo na história britânica. Em 1975, o eleitorado decidiu por ampla margem permanecer na então Comunidade Econômica Europeia, à qual o país havia aderido dois anos antes. As pesquisas mais recentes mostram um eleitorado dividido a respeito do assunto.

A promessa de Cameron está condicionada a muitas incertezas. Ele precisaria reverter a desvantagem eleitoral para 2015, convencer os outros 26 países da UE a dar um novo papel à Grã-Bretanha e torcer para que esses países convençam seus eleitores a aprovar essas mudanças.

Críticos dizem que, até o referendo, a Grã-Bretanha pode mergulhar num perigoso e nocivo limbo, ficando à deriva ou mesmo sendo expulsa da UE.

Os Estados Unidos, um importante aliado, também estão desconfortáveis com o plano por acreditar que ele diluiria a influência internacional da Grã-Bretanha. O presidente norte-americano, Barack Obama, disse a Cameron por telefone na semana passada que Washington valoriza "um Reino Unido forte e uma União Europeia forte."

Alguns parceiros europeus também ficaram preocupados e disseram nesta quarta-feira a Cameron que sua estratégia reflete uma atitude ignorante e egoísta. Mas a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, governante mais influente do bloco, disse estar disposta a discutir as ideias do colega britânico.

Menos diplomático, o ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, brincou: "Se a Grã-Bretanha quer deixar a Europa, vamos estender o tapete vermelho para você", ecoando as mesmas palavras usadas certa vez por Cameron para convencer os ricos franceses a se mudarem para o seu país, fugindo dos pesados impostos no lado francês do canal da Mancha.

Enquanto Cameron discursava, a libra atingiu sua menor cotação frente ao dólar em quase cinco meses.

(Reportagem adicional de Paul Taylor, em Davos; de Alexandra Hudson, em Berlim; e de Brenda Goh, em Londres)

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