Potências ocidentais expulsam diplomatas sírios em protesto contra massacre
No primeiro desdobramento internacional após o massacre da cidade de Houla, na Síria, vários países ocidentais determinaram nesta terça-feira a expulsão imediata de diplomatas de Damasco de seus territórios.
França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Espanha, Canadá e Austrália estão entre as potências que anunciaram a saída forçada de representantes diplomáticos sírios.
A ação conjunta ocorreu após a morte de 108 pessoas, entre elas 49 crianças e 34 mulheres, na última sexta-feira em Houla.
Moradores da cidade que presenciaram o massacre afirmaram que a milícia shabiha, aliada do governo de Bashar al-Assad, invadiu as casas e abriu fogo indiscriminadamente.
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O ataque aconteceu antes do encontro do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, com o presidente sírio, Bashad al-Assad, na capital, Damasco.
Segundo o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, as investigações iniciais sugerem que a maior parte das vítimas no vilarejo de Taldou, próximo a Houla, foi sumariamente executada.
Testemunhas disseram à BBC que os autores do massacre eram milicianos shabiha ligados às forças pró-governo. Sobreviventes da tragédia afirmaram que se esconderam ou se fingiram de mortos para despistarem os agressores.
Os observadores da ONU que visitaram Taldou disseram que muitas das vítimas foram mortas à queima-roupa ou esfaqueadas.
Os líderes sírios insistem que o massacre foi executado por rebeldes - a quem chamam de "terroristas" - que teriam promovido os assassinatos para conturbar o processo de paz e provocar a intervenção de potências ocidentais na Síria.
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A Rússia, que fornece armas para o governo sírio e vetou as resoluções da ONU para uma ação internacional contra a Síria, acusou ambos os lados pelo massacre da última sexta-feira.
O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse estar preocupado com o fato de "certos países" começarem a usar o massacre de Houla "como um pretexto para aumentar a pressão por medidas militares".
''Hediondo e Brutal''
Líderes ocidentais expressaram horror pelas mortes e elevaram as pressões diplomáticas contra o governo de Assad.
O Canadá qualificou os atos do governo sírio como "hediondos e brutais" enquanto a Austrália descreveu o massacre como um crime "medonho e vil".
A Espanha chamou o ataque de "repressão inaceitável" e o novo ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, afirmou que Assad era "um assassino de pessoas".
O governo francês disse, ainda, que "a loucura assassina" do regime de Damasco ameaça a segurança regional.
Apesar do protesto em massa, ainda não se sabe se as expulsões mudarão o cenário na Síria, disse a correspondente da BBC no país, Briget Kendall.
O encarregado de negócios da Síria em Londres recebeu um prazo de sete dias para deixar o país.
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, afirmou que foi informado de que os Estados Unidos devem acompanhar a decisão dos outros países ocidentais e também anunciarão a expulsão de diplomatas sírios do seu território.
"A comunidade internacional está estarrecida com a violência que não cessa, com o comportamento do regime e com o assassinato de tantas pessoas inocentes", disse Hague.
Antes de seu encontro com o presidente Assad em Damasco, Annan chamou o massacre de "um momento terrível com consequências profundas".
Uma reunião do grupo Amigos da Síria com o recém-eleito presidente da França, François Hollande, deve ocorrer em julho, informou o gabinete do chefe do executivo francês.