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Nigeriano caminha 750 km para ver posse presidencial

Homem fez o percurso em 18 dias e conseguiu um encontro com Muhammadu Buhari

30 mai 2015 - 16h44
(atualizado às 17h44)
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Candidato da oposição venceu eleições na Nigéria
Candidato da oposição venceu eleições na Nigéria
Foto: Afolabi Sotunde / Reuters

O nigeriano Suleiman Hashimu percorreu a pé 750 quilômetros (o equivalente à distância de Belo Horizonte a Brasília) e gastou seis pares de sapato durante 18 dias para ver a posse do novo presidente da Nigéria.

A notícia da caminhada rapidamente se espalhou pelo país e quando Hashimu completou o percurso, foi convidado para se encontrar com o recém-eleito antes de ele ser empossado, na sexta-feira.

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A ideia teve início há dois anos, quando Hashimu conversava com um grupo de amigos sobre o que fariam se Buhari, um ex-líder militar, ganhasse as eleições presidenciais de 2015. Um deles, que é dono de um comércio, afirmou que deixaria as pessoas pegarem o que quiserem de graça, mas Hashimu não tinha dinheiro sobrando.

"Fiz uma promessa de que se o general Buhari ganhasse as eleições andaria a pé de Lagos até Abuja – então tudo começou como uma brincadeira”, diz ele.

Quando Buhari foi declarado vencedor da disputa, no último dia 1º de abril ─ tornando-se o primeiro candidato da oposição a ganhar as eleições presidenciais na Nigéria ─ os amigos de Hashimu o chamaram e fizeram questão de relembrá-lo da promessa. No mesmo dia, Hashimu deixou sua casa, em Ibadan, onde trabalhava no setor de construção civil, e viajou a Lagos. Na manhã seguinte, começou sua longa jornada.

Ele decidiu andar 12 horas por dia e imediatamente se deu conta da dificuldade de seu desafio. Mas a notícia sobre seu percurso rapidamente se espalhou pelo país, tornando Hashimu uma espécie de celebridade. A cada vilarejo pelo qual passava, ele era calorosamente acolhido, conta.

"O percurso inteiro demorou 18 dias, mas depois que eu comecei só andei três dias sozinho. Os outros 15 dias eu caminhei junto de outras pessoas. Muitas dos jovens que eu encontrava pelo caminho me diziam que eu não era o único que amava Buhari e eles se voluntariavam a me acompanhar até a próxima cidade", explica Hashimu.

Hashimu diz que a empolgação gerada por seu percurso lhe deu forças para concluir o desafio. "Pessoas de todo o mundo me ligavam a todo momento. Elas compartilharam meu número nas redes sociais para que mais gente do Reino Unido e dos Estados Unidos me telefonasse, me dando incentivo para continuar minha caminhada. Aqueles que me acompanhavam à próxima cidade também me apoiaram então eu fiquei muito feliz, muito feliz", diz.

"As pessoas começaram a chegar e a me contar seus problemas. 'Nós temos um problema de insegurança na nossa comunidade, não temos terra para plantar'. Todo tipo de reclamação. Algumas pessoas disseram precisar de água e outras de energia elétrica".

"Tudo o que elas me diziam eu anotava, colocova dentro de um envelope e dizia que se tivesse a oportunidade de encontrar o presidente lhe entregaria todas as mensagens", acrescenta.

'Fome por mudança'

Hashimu chegou à capital da Nigéria, Abuja, no último dia 20 de abril. Ele levava consigo cerca de 100 mil nairas (cerca de R$ 1,5 mil), a moeda do país, para custear alimentação e acomodação, mas só precisou gastar 3,5 mil já que foi ajudado por pessoas ao longo do caminho. Lá, ele se encontrou com uma multidão de pessoas, incluindo integrantes da comitiva do presidente Buhari, que lhe prometeram uma audiência com o líder recém-eleito.

"Quando encontrei o presidente, ele sorriu, e disse estar feliz comigo", conta. "Ele disse: 'Você me dá incentivo porque cumpriu uma promessa que fez. Estou feliz de estar com você agora'". "E então lhe entreguei as mensagens que havia coletado ao longo do percurso", diz.

Segundo Hashimu, o encontro com o novo presidente foi rápido e ele não conseguiu falar tudo o que queria. "Queria discutir os problemas enfrentados por muitos jovens porque não há como você percorrer um caminho tão longo de Lagos até Abuja sem notar o que está acontecendo. Tive a chance de interagir com diferentes idiomas, tribos e culturas".

Hashimu disse que o percurso fez com que percebesse as imensas expectativas dos nigerianos sobre o novo presidente. "As pessoas vinham e algumas vezes quando via aquela multidão eu começava a chorar".

Ele disse que não tinha o que lhes oferecer quando vinham acompanhá-lo com um sorriso no rosto. "O povo nigeriano está com fome de mudança e eles já viram uma mudança e é por isso que eles saíram de casa", finaliza.

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