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Petrobras enfrenta risco de perda de concessão e boato sobre venda de ativos na Argentina

3 set 2015 - 13h11
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Em meio a boatos quase diários na Argentina sobre a venda de seus ativos no país, a Petrobras entrou com uma ação na Suprema Corte de Justiça argentina contra a província de La Pampa para manter suas concessões no local.

Parlamentares argentinos votam para transferir concessão da Petrobras para estatal nacional
Parlamentares argentinos votam para transferir concessão da Petrobras para estatal nacional
Foto: EPA

Parlamentares argentinos disseram à BBC Brasil temer que a empresa deixe a Argentina devido aos escândalos de corrupção no Brasil. A petroleira brasileira não comenta a possível venda de ativos.

Em comunicado a respeito das concessões em La Pampa, a Petrobras informou ter procurado a Suprema Corte da Argentina para que seja "reconhecida a prorrogação das suas concessões" de exploração de petróleo e de gás nas áreas chamadas de Jagüel de los Machos e 25 de Mayo-Medanito, na Província do centro argentino.

A Petrobras afirmou ter requisitado uma medida cautelar para que essa prorrogação seja reconhecida. O pedido se baseia em um decreto provincial deste ano e também na Constituição Nacional e na Lei de Hidrocarbonetos.

O deputado provincial Hugo Pérez, do partido União Cívica Radical (UCR), disse à BBC Brasil que o decreto no qual a Petrobras se basearia "foi rejeitado" na Assembleia Legislativa de La Pampa.

Pérez é autor de uma lei aprovada na semana passada que destina a área de Jagüel de los Machos à exploração da petroleira estatal, a PamPetrol, criada em 2006.

"Nosso objetivo principal ao defender que a concessão não seja renovada para a Petrobras é que a PamPetrol, hoje uma empresa pequena, passe a crescer com a exploração dessa área", disse Pérez.

Boatos

Segundo ele, outro fator teria pesado na decisão dos parlamentares de diferentes partidos são os boatos de que a Petrobras venderia seus ativos na Argentina.

"Por que deveríamos renovar essa concessão se a Petrobras está deixando nosso país? Para que ela venda os ativos depois de a concessão ter sido renovada?", disse Pérez.

Ele afirmou ainda que a empresa deixaria a Argentina "devido aos escândalos de corrupção no Brasil".

Questionada sobre os rumores de venda de seus ativos, a assessoria de imprensa da empresa no Rio de Janeiro disse que não comentaria o tema.

De acordo com o parlamentar, a concessão de Jagüel de los Machos, iniciada em 1990 com 25 anos de prazo e dez anos de possível prorrogação, vence em 6 de setembro.

Ele afirmou que o governo da província de La Pampa e a Petrobras teriam chegado a um entendimento em fevereiro para a prorrogação de dez anos. Mas essa decisão foi rejeitada pela Assembleia Legislativa.

Após tal decisão, Pérez apresentou o texto para transferir a concessão para a estatal. A outra concessão da Petrobras na Província, a de 25 de Mayo–Medanito, vence em outubro do ano que vem, disse o parlamentar.

A Província de La Pampa é uma das menores da Argentina e as duas áreas de exploração não estão entre as maiores do país, segundo fontes do setor.

A BBC Brasil apurou que os principais investimentos da Petrobras na área de petróleo e gás estão nas Províncias de Rio Negro e de Neuquén, no sul da Argentina.

O ex-secretário de Energia da Argentina e analista energético Daniel Montamat disse que a questão da Petrobras em La Pampa é "pontual".

Mas ressalvou que o tema é "polêmico" e ocorre em meio aos boatos de venda dos ativos da empresa.

Procurada, a assessoria de imprensa da Suprema Corte não respondeu aos pedidos para esclarecer quanto tempo o tribunal poderia levar para responder à ação da Petrobras.

De acordo com o parlamentar provincial, que é opositor ao governador kirchnerista Oscar Jorge, "a expectativa é de que a Suprema Corte dará razão à Província e não à Petrobras".

E, em matéria recente do jornal publicada no argentino , fontes da empresa disseram que não seriam vendidos "os ativos de produção na Província de Santa Cruz (sul)" e que a Petrobras "manteria a posição estratégica de permanência no país, incrementando a produção de petróleo e gás natural como suas reservas em Neuquén, Río Negro e La Pampa".

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