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Europa

Partido escocês dispara e promete ser sensação da eleição

Número de filiados ao SNP quadruplicou, passando de 25 mil para mais de 100 mil em um curto período

6 mai 2015 - 12h32
(atualizado às 18h17)
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Partido Nacionalista Escocês de Nicola Sturgeon deverá conquistar vitória significativa na eleição britânica
Partido Nacionalista Escocês de Nicola Sturgeon deverá conquistar vitória significativa na eleição britânica
Foto: BBC News Brasil

Derrotado no plebiscito pela independência da Escócia em setembro do ano passado, o Partido Nacionalista Escocês (SNP na sigla em inglês) tem surfado numa "onda" de popularidade desde então.

E o novo rosto desta nova fase é a líder do partido e chefe do governo local, Nicola Sturgeon.

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Seu bom desempenho nos debates midiáticos é praticamente garantido; correligionários aplaudem suas aparições em comícios como fãs aplaudem uma estrela de rock.

Esse fervor parece ter se traduzido em intenções de voto: as pesquisas indicam que o SNP deve vencer em cerca de 50 dos 59 distritos eleitorais que constituem a Escócia, elegendo um número de parlamentares que lhe transformará possivelmente na terceira maior força no Parlamento em Westminster.

O partido hoje detém seis assentos no Parlamento. Nas eleições passadas, foi o trabalhismo, com 40 distritos escoceses, que saiu vitorioso na Escócia.

De lá para cá, a causa independentista escocesa avançou, e, com ela, o SNP.

Premiê escocês renuncia após derrota do ‘sim’:

Apesar de perder o plebiscito pela independência, a campanha do "sim" conseguiu obter 45% dos votos, deixando os analistas em clima de suspense até o último minuto, diante do possível fim de uma união de mais de 300 anos.

Pós-plebiscito, os escoceses se tornaram mais engajados politicamente. E o partido que saiu derrotado nas urnas acabou fortalecido na política britânica. O número de filiados ao SNP quadruplicou, passando de 25 mil para mais de 100 mil em um curto período.

A popularidade da sigla também aumentou depois que outros dos principais partidos britânicos - Conservador, Trabalhista e Liberal Democrata - se posicionaram contra a independência, o que parece ter irritado a nata dos eleitores trabalhistas escoceses.

Se as pesquisas se confirmarem, a maioria destes votos migrará para o SNP, atraídos pela mensagem antiausteridade e pela posição de centro-esquerda do partido - impondo aos Trabalhistas uma grande derrota na Escócia.

Nos bons e maus momentos

É um momento de ouro para Sturgeon. Ela avançou para o primeiro plano da causa escocesa após oito anos à sombra de Alex Salmond, chefe do Executivo local e líder de longa data dos independentistas escoceses. Ele renunciou à sua função e passou o bastão à vice após a derrota no plebiscito.

Especialistas dizem ser difícil uma coalizão entre SNP e Trabalhistas e que os dois partidos devem fazer um "pacto" para votação de temas específicos
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Foto: BBC News Brasil

Tornar-se chefe tanto do SNP quanto do Executivo escocês foi, para Sturgeon, a recompensa por uma longa jornada política. Ela abraçou a política bastante jovem e permaneceu com o partido nos bons e maus momentos.

Nascida em North Ayrshire, em 1970, Sturgeon se filiou ao SNP aos 16 anos de idade, segundo ela, motivada pela pobreza ao seu redor resultante das políticas da premiê conservadora Margaret Thatcher.

A ex-advogada foi eleita para o Parlamento escocês em 1999, aos 29 anos de idade, e desde o início assumiu cargos de proeminência.

Em 2004, o SNP carecia de lideranças e vivia um momento de disputas políticas internas, e Sturgeon viu uma oportunidade de subir ao topo da agremiação.

Mas ela abandonou o voo para assumir a vice-candidatura na chapa de Salmond, que liderara o partido por uma década nos anos 1990 e anunciara um inesperado retorno à cena política.

A parceria funcionou e o SNP assumiu o Parlamento escocês em 2007. Quatro anos depois, obteve uma vitória por lavada.

Ao longo desse período, Sturgeon permaneceu ao lado de Salmond no comando do Executivo escocês.

Terceira maior força?

Se eleger o número esperado de deputados – o "alvo" são 50, em comparação com os seis da atual legislatura –, o partido se tornará possivelmente a terceira maior força em Westminster.

Popularidade do SNP na Escócia aumentou desde o referendo de independência do ano passado
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Foto: BBC News Brasil

As pesquisas indicam que o SNP ficará confortavelmente à frente do Partido Liberal Democrata – que deve perder metade das atuais 56 cadeiras como "punição" do eleitorado, após trair promessas para integrar a coalizão de governo com os conservadores.

Para o Reino Unido, o SNP defende uma redução nas mensalidades universitárias (na Escócia, o ensino superior ainda é gratuito), um plano ambicioso de investimentos na saúde e a permanência integral do Reino Unido na União Europeia.

Mas a palavra "Escócia" é o foco do programa de governo do partido – em detrimento do resto do país, dizem os críticos –, e por isso o SNP é visto como tóxico pelos líderes dos outros partidos na disputa eleitoral.

Cogita-se inclusive que um SNP forte force um novo plebiscito sobre a independência da Escócia – pela lei aprovada sob os Conservadores, seria necessário esperar 30 anos para uma nova consulta.

O partido, no entanto, nega que isso esteja na agenda atual.

Sturgeon sabe, pela experiência dos liberais-democratas, que, uma vez em Westminster, o partido precisa ser coerente para não ser punido pelo eleitor.

Isso e outros fatores dificultariam uma coalizão formal com o Partido Trabalhista se este sair eleito no pleito de quinta-feira. Os especialistas falam de um possível "pacto" em que os dois partidos votassem juntos em temas específicos - o SNP já rejeitou um acordo com os Conservadores.

"No dia 7 de maio, temos uma oportunidade de fazer a voz da Escócia ser ouvida em Westminster mais fortemente que nunca", discursou Sturgeon em um comício recente.

"O SNP está a uma distância mínima de fazer o que nunca foi feito antes: vencer uma eleição nacional na Escócia", prosseguiu. "Não será uma vitória para o SNP, será uma vitória para a Escócia."

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