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Para OIT, insegurança se tornou regra no mercado de trabalho

18 mai 2015 - 20h26
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O emprego assalariado representa só metade do emprego mundial, a outra parte adota formas como o trabalho autônomo ou atividades econômicas familiares para viver.

Além disso, só um quarto dos trabalhadores tem uma relação laboral estável, de turno integral e com contrato permanente.

As informações foram divulgadas nesta segunda-feira no relatório "Perspectivas Sociais e do Emprego no Mundo 2015", apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e que evidenciou que a insegurança no mercado de trabalho aumentou, tanto nas economias avançadas como nas emergentes.

O modelo considerado "padrão" - o que melhor garante proteção social - já não é predominante entre os empregos gerados, nem sequer nos países desenvolvidos.

As últimas estatísticas disponíveis mostram, por exemplo, que só 16% de trabalhadores autônomos contribuem com a previdência.

No resto do mundo, embora tenha se observado alguma melhora dos contratos e das relações de emprego, a informalidade continua sendo a prática mais generalizada.

Nos níveis inferiores das cadeias de abastecimento mundial - onde são gerados um em cada cinco empregos em escala global, os contratos de muito curta duração e horários irregulares estão se tornando regra.

Se os contratos são vistos como um dos mecanismos mais efetivos para a proteção do trabalhador, a situação é precária porque, segundo dados da OIT, mais de 60% dos empregados não tem nenhum tipo.

No conjunto de economias avançadas só 17% está nessa situação, enquanto no extremo oposto está a América Latina, com 69%.

Os analistas da OIT não puderam avaliar o resto das regiões em desenvolvimento por falta de dados suficientes.

"Estes dados indicam um mundo de trabalho cada vez mais diversificado, em alguns casos com formas atípicas de emprego", disse em entrevista coletiva o diretor-geral da OIT, o britânico Guy Ryder.

Se uma parte dessas novas formas de relação laboral podem ajudar a conseguir um emprego, "também são o reflexo da insegurança generalizada que afeta muitos trabalhadores no mundo de hoje", acrescentou.

Segundo a instituição, a taxa mundial de desemprego é de 5,9% (201 milhões de pessoas) e de 13% para os jovens, menor que os 6,4% e maior que os 12,9%, respectivamente, registrados em 2000.

A cada ano 40 milhões de pessoas entram no mercado de trabalho.

Sem dúvida, um dos maiores desafios é resolver "o problema da transição dos jovens à vida economicamente ativa", comentou à Efe o diretor da área de pesquisa da OIT, Raymond Torres.

Neste campo, o panorama na América Latina é misto, com países como o Chile e Uruguai, "que o estão fazendo melhor", enquanto Brasil e México têm mais dificuldades para melhorar o emprego juvenil.

Na seleção dos países que a OIT tomou para a apresentação de seu relatório anual, a Alemanha, com uma taxa de 7,6% de desemprego entre os jovens, é o país mais bem colocado nesse segmento.

Entre os europeus a Espanha exibe a pior taxa, com 57,9% de desemprego juvenil, seguida pela Grécia 53,9% e pela Itália com 44,1%, segundo os dados colhidos pelo organismo técnico das Nações Unidas.

"Os sistemas educacionais que não se conectam o suficiente com as necessidades do mercado e o desprestígio das carreiras técnicas são, em boa parte dos casos, por razões culturais", e explicam boa parte da crise do emprego juvenil em muitos países, disse Torres.

Isto tem começado pouco a pouco a mudar, com o surgimento de graduações universitárias com um forte componente técnico e carreiras formuladas após diálogos com o setor empresarial.

EFE   
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