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Oriente Médio

Vitória apertada de Netanyahu nas eleições israelenses

22 jan 2013 - 23h04
(atualizado às 23h51)
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O primeiro-ministro israelense de direita, Benjamin Netanyahu, obteve nesta terça-feira uma vitória apertada nas eleições legislativas, que limita a sua margem de manobra frente aos seus futuros parceiros de coalizão e a um partido centrista que, para a surpresa geral, ficou na segunda posição.

A coalizão formada pelo Likud de Netanyahu com o partido Israel Beiteinu de seu ex-ministro das Relações Exteriores, o ultranacionalista Avigdor Lieberman, ganhou apenas 31 assentos contra 42 dos 120 no atual Parlamento, segundo pesquisas de boca-de-urna divulgadas após o fechamento dos centros de votação, às 22h00 (18h00 de Brasília).

O partido centrista Yesh Atid, criado há apenas um ano pelo ex-jornalista Yair Lapid, foi a sensação ao tornar-se a segunda força política do país, com 18 ou 19 deputados, um pouco à frente do Partido Trabalhista (17), de acordo com as sondagens.

Atrás ficaram os aliados naturais de Netanyahu, o Casa Judaica, a formação nacionalista religiosa representando os colonos liderada por Naftali Bennett (12), os partidos ultraortodoxos sefardita Shass (11-13) e o asquenaze Judaísmo Unido da Torah (6).

O novo movimento centrista da ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, o HaTnuha, que fez campanha pelo relançamento do processo de paz com os palestinos, obteve 7 assentos; o Meretz (esquerda), 6 ou 7; e os partidos árabes, de 8 a 11.

No total, o bloco de direita formado por Likud-Israel Beiteinu, pelos partidos religiosos e pelo Casa Judaica, tinham uma vantagem mínima de 61 ou 62 deputados.

Apesar do resultado decepcionante, Netanyahu "agradeceu os israelenses por sua reeleição" em uma mensagem postada em sua página no Facebook.

"Está claro que os cidadãos de Israel estão determinados a me manter como primeiro-ministro para que eu forme um governo o mais amplo possível", acrescentou, comprometendo-se a se empenhar imediatamente nesta tarefa e pedindo que Lapid se junte a ele para "fazer grandes coisas por Israel".

Os resultados definitivos serão anunciados apenas em uma semana. O presidente Shimon Peres realizará então consultas para determinar se há mais chances de formar a nova coalizão e vai designar o primeiro-ministro atual para um terceiro mandato, o seu segundo consecutivo.

Yair Lapid, o novo nome da política, também defendeu um governo amplo.

"Exorto as lideranças políticas a agir comigo para formarmos juntos um governo o mais amplo possível que una os elementos moderados de esquerda e de direita por uma mudança real", disse Lapid diante de seus partidários em Tel Aviv.

"Reunimos todos os componentes da sociedade, com a esperança de mudar as coisas em Israel", comemorou o número dois da formação, o rabino Shai Piron.

O analista da rádio militar considerou que "Bibi" Netanyahu "não tem escolha a não ser oferecer um dos três grandes ministérios, Defesa, Relações Exteriores ou Finanças, a Yair Lapid".

O novo governo tem pela frente o programa nuclear iraniano e enfrentará as pressões para retomar as negociações com os palestinos e adotar um plano de austeridade para reduzir o déficit orçamentário.

Em seu discurso, Netanyahu afirmou que o primeiro desafio do próximo governo que ele pretende formar será "impedir o Irã de produzir a arma nuclear".

Mas ele não conseguiu até agora convencer seus aliados, principalmente os Estados Unidos, da necessidade de uma operação desse tipo.

Em uma primeira reação palestina, o negociador Saeb Erakat declarou à AFP que "os resultados das eleições israelenses são uma questão interna israelense", mas afirmou que "seja qual for a natureza da coalizão governamental, ela deve querer a paz e seguir o caminho de uma solução de dois Estados para restaurar a credibilidade do processo de paz".

Algumas horas antes, a Casa Branca havia reafirmado o seu compromisso com uma "solução de dois Estados" para o conflito entre israelenses e palestinos, mas disse que vai esperar para ver qual será a abordagem do futuro governo israelense.

A taxa de participação foi de 66,6%, em leve alta em relação às legislativas de 2009 (65,27%), segundo a comissão eleitoral.

Netanyahu, que votou em Rehavia, bairro de Jerusalém onde fica a residência oficial, havia lançado no Facebook um apelo pela mobilização de seus partidários.

"O poder do Likud está em perigo. Peço a vocês que larguem tudo e votem no Likud", havia exortado.

Seu desempenho foi inferior às projeções das últimas pesquisas divulgadas na sexta-feira, que davam à coalizão Likud-Israel Beiteinu de 32 a 35 assentos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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