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Oriente Médio

Vice-premiê turco tenta acalmar manifestantes antigoverno

4 jun 2013 - 11h16
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O vice-primeiro-ministro da Turquia, Bulent Arinc, procurou acalmar dezenas de milhares de manifestantes antigoverno, nesta terça-feira, pedindo desculpas pela repressão policial contra um protesto pacífico que desencadeou cinco dias de tumultos em todo o país.

Os comentários de Arinc, que assumiu o comando do governo depois de o primeiro-ministro Tayyip Erdogan deixar o país para uma visita ao norte da África, na segunda-feira, contrastaram com a atitude desafiadora de Erdogan, que chamou os manifestantes de "saqueadores".

"A violência excessiva, usada num primeiro momento contra aqueles que estavam se comportando com respeito ao meio ambiente, foi errada e injusta. Peço desculpas àqueles cidadãos", disse Arinc, em entrevista coletiva na capital, Ancara.

"Mas eu não acho que devemos um pedido de desculpas para aqueles que causaram danos nas ruas e tentaram impedir a liberdade das pessoas", afirmou.

Arinc disse que iria se reunir com alguns dos organizadores do protesto inicial em Istambul, que culminou em um espetáculo sem precedentes de revolta contra o partido no poder. Mas parece ser um pouco tarde demais.

As lojas foram fechadas em uma grande avenida que conduz à Praça Taksim, em Istambul, o foco dos protestos, enquanto milhares de manifestantes gritavam slogans antigoverno e se dirigiam para lá. Barricadas feitas de escombros bloqueavam outras ruas que levam à praça e o cheiro de gás lacrimogêneo pairava no ar.

Um rapaz de 22 anos, integrante da ala jovem da oposição, foi morto depois de ser golpeado na cabeça em um protesto na cidade de Antakya, no sul, perto da fronteira com a Síria, na noite de segunda-feira.

Foi a segunda morte nas manifestações, depois que um táxi atropelou um manifestante em Istambul, no domingo. Funcionários inicialmente disseram que a vítima de Antakya havia sido baleada.

A ferocidade da repressão contra a manifestação inicial, na sexta-feira, que tinha como objetivo protestar contra o plano do governo de construir edificações em um parque na Praça Taksim, chocou até mesmo partidários de Erdogan e atraiu a condenação internacional. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse estar preocupado com os relatos de força policial excessiva.

A principal federação sindical do setor público, a esquerdista Kesk, que representa 240 mil trabalhadores, convocou uma greve de dois dias para protestar contra a repressão policial contra protestos pacíficos.

"Essas operações afogaram o país em bombas de gás. O primeiro-ministro tornou-se tão duro a ponto de descrever as milhões de pessoas que exercem os seus direitos democráticos ... como um 'punhado de marginais saqueadores', disse o Kesk em um comunicado.

Erdogan qualificou os protestos como obra de seus inimigos seculares que não aceitam o sucesso eleitoral de seu partido, o AK, que tem raízes em partidos islâmicos proscritos no passado, mas que abrange também políticos de centro-direita e nacionalista.

O AK ganhou três eleições seguidas e promoveu um boom econômico, aumentando a influência da Turquia na região. (Reportagem adicional de Jonathon Burch e Ayla Jean Yackley, Aziz El Yaakoubi em Rabat)

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