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Oriente Médio

Venezuela ameaça EUA após 'intervenção' em tensão pós-eleitoral

22 abr 2013 - 20h16
(atualizado às 20h30)
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O chanceler venezuelano, Elías Jaua, disse nesta segunda-feira que seu país está disposto a tomar medidas "de ordem comercial, energética, econômica e política" contra os Estados Unidos se for sancionado por rejeitar as recomendações de Washington sobre a recontagem de votos das eleições presidenciais.

Estas declarações foram feitas no dia em que o presidente venezuelano recém-empossado, Nicolás Maduro, estreia o que denominou de seu "governo de rua" e se prepara para empossar seu novo gabinete, anunciado no domingo, e composto pelos mesmos ministros chave de seu mentor, o falecido Hugo Chávez.

Queremos "rejeitar de maneira categórica as inaceitáveis declarações da senhora Roberta Jacobson (secretária norte-americana de Estado adjunta para a América Latina)", disse Jaua em declarações ao canal Telesur do Equador, onde participa de uma reunião da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA). Jaua respondeu, assim, a um chamado da alta funcionária americana a "resolver a divisão" do país.

"Se os Estados Unidos apelarem ao expediente de sanções econômicas ou de qualquer outra índole, nós tomaremos as medidas de ordem comercial, energética, econômica e político que consideremos necessárias para responder de forma contundente", acrescentou.

As declarações de Jaua foram uma resposta a uma entrevista dada por Jacobson à emissora CNN, na qual insistiu na recontagem de votos das presidenciais venezuelanas para restabelecer sua confiança.

Em declarações à CNN em espanhol no domingo, Jacobson incentivou a recontagem de votos das eleições presidenciais na Venezuela para que haja "confiança" e para "resolver a divisão" no país.

Consultada sobre a aplicação de eventuais sanções à Venezuela caso houvesse uma recontagem dos votos, Jacobson afirmou: "Não podemos dizer se vamos implantar sanções ou não".

Jaua, que considerou as declarações de Jacobson como "intervencionistas" e "grosseiras", acusou os Estados Unidos de estar "por trás dos fatos violentos de 15 de abril" e de não querer reconhecer a vontade do povo venezuelano.

Em 2012, a Venezuela - principal produtora de petróleo sul-americana - exportou cerca de 900.000 barris diários aos Estados Unidos, país com quem mantém uma tensa relação, mas que continua sendo o principal comprador do petróleo venezuelano.

Na troca de acusações que caracteriza a tensa situação política venezuelana, o líder da oposição, Henrique Capriles, acusou a Argentina de ingerência em entrevista publicada esta segunda-feira na imprensa do país cisplatino.

"A Argentina parece parte do governo (venezuelano); vêm, opinam, se metem nos assuntos internos da Venezuela...", disse ao jornal La Nación.

Capriles, que perdeu as presidenciais de 14 de abril para Maduro por uma diferença de 1,8% dos votos, disse que "isto (a intervenção argentina) rejeitamos, assim como rejeitamos a presença de militares cubanos em nosso país".

Espera-se para esta segunda-feira que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) dê detalhes sobre o protocolo a seguir na auditoria - que deveria começar esta semana - do sistema de votação que resultou na vitória de Maduro sobre Capriles por uma margem de 1,8 ponto percentual, e que o líder opositor não reconheceu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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