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Oriente Médio

Tropas sírias e Hezbollah atacam reduto rebelde; ao menos 32 mortos

19 mai 2013 - 12h07
(atualizado às 14h37)
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<p>Imagem feita pela&nbsp;organiza&ccedil;&atilde;o rebelde Qusair Lens&nbsp;e cedida &agrave; ag&ecirc;ncia <em>AP</em> mostra s&iacute;rios inspecionando os destro&ccedil;os de pr&eacute;dio destru&iacute;do no ataque, em Qusair</p>
Imagem feita pela organização rebelde Qusair Lens e cedida à agência AP mostra sírios inspecionando os destroços de prédio destruído no ataque, em Qusair
Foto: Qusair Lens / AP

O Exército sírio, apoiado por milicianos do partido xiita libanês Hezbollah, entrou neste domingo no centro de Qusair, reduto dos rebeldes na província de Homs, um dia depois do presidente Bashar al-Assad ter reafirmado que não pensa em abandonar o poder.

Pelo menos 32 pessoas morreram no conflito entre rebeldes sírios, tropas do governo e combatentes do Hezbollah em Qusair, a dez quilômetros da fronteira com o Líbano, segundo ativistas contrários ao regime. Os opositores, no entanto, minimizaram o avanço do Exército, alegando que os rebeldes oferecem uma resistência intensa ao ataque das tropas oficiais na cidade de 25 mil habitantes.

"O Exército sírio controla a principal praça de Qusair no centro da cidade, assim como os edifícios próximos, incluindo o do governo municipal, onde os soldados hastearam uma bandeira síria", afirmou uma fonte militar que pediu anonimato.

A televisão estatal exibiu uma entrevista com um soldado em Qusair que afirmou que "os homens armados" fugiram para o norte, sentido em que seguirão avançando para acabar com qualquer manifestação armada".

"Se o Exército conseguir tomar o controle de Qusair, toda a província de Homs cairá nas mãos do regime", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG que tem uma ampla rede de militantes, além de fontes médicas e militares. Abdel Rahman disse temer um "massacre" se o Exército tomar a cidade.

O soldado entrevistado pela televisão oficial afirmou que o Exército "deixou que os habitantes saíssem pelo acesso noroeste da cidade", versão desmentida pelos rebeldes, que denunciam um "asfixiante cerco imposto pelo regime sírio e pelo Hezbollah libanês".

O ataque terrestre teve início neste domingo, depois de uma série de ataques aéreos e disparos de morteiro que deixaram pelo menos 30 mortos, incluindo uma mulher e 16 rebeldes. Pouco depois aconteceram confrontos violentos nos acessos de entrada da cidade, defendidos pelos rebeldes ante os tanques do exército e os combatentes do Hezbollah xiita. Os combatentes do Hezbollah, aliado do regime de Bashar al-Assad, "desempenham um papel central na batalha", destacou Abdel Rahman.

Há várias semanas, o Exército, com o Hezbollah e milicianos leais ao regime, tentam tomar Qusair, reduto rebelde do centro do país que resiste há mais de um ano. Várias localidades ao redor da cidade já foram retomadas pelas forças do governo. Qusair é considerada uma cidade estratégica por ficar entre a capital e a costa mediterrânea. Além disso, fica perto da fronteira libanesa.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição, denunciou as "tentativas de invadir e apagar a cidade e seus habitantes do mapa e pediu uma reunião urgente da Liga Árabe para "deter o massacre". "Afirmamos aos países que trabalham para encontrar uma solução política ao conflito sírio que ignorar esta invasão provocará a perda de todo sentido de qualquer conferência e de qualquer esforço de paz", advertiu o CNS em um comunicado.

<p>Rebeldes se preparam para repelir a ofensiva do governo em Qusair</p>
Rebeldes se preparam para repelir a ofensiva do governo em Qusair
Foto: Qusair Lens / AP

Para tentar resolver o conflito, a comunidade internacional tenta organizar, em junho em Genebra, uma conferência de paz que reúna as grandes potências, os países árabes, a oposição e o regime de Damasco. A conferência deve estar baseada na declaração de Genebra assinada pelas grandes potências em junho de 2012 e que prevê o fim da violência, assim como um governo de transição, mas sem fazer referência ao destino de Assad, principal ponto de discórdia entre russos e americanos.

Moscou, grande aliado de Damasco e a quem fornece armas, defende a manutenção de Assad até a celebração de eleições, enquanto Washington reclamou em várias ocasiões a sua saída, algo que a oposição considera uma condição imprescindível para qualquer iniciativa de paz.

Mas em uma entrevista concedida à agência estatal de notícias argentina Télam e ao jornal Clarín, Bashar al-Assad insistiu na recusa a deixar o poder antes do fim de seu mandato em 2014 e deu a entender que será candidato no próximo ano. "Renunciar seria fugir", declarou Assad, antes de destacar que "quem deve sair e quem deve permanecer será determinado pelo povo sírio nas eleições presidenciais de 2014".

Na entrevista, Assad negou que seu governo tenha utilizado armas químicas contra a população civil e afirmou que as acusações eram um pretexto para justificar uma intervenção estrangeira na Síria.

Segundo o OSDH, 94 mil pessoas morreram no conflito, que começou em março de 2011 como uma revolta pacífica contra o regime, antes de virar uma guerra civil.

Com informações adicionais da agência Reuters

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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