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Oriente Médio

Jornal russo: soldados russos se negam a combater na Síria

19 set 2015 - 12h32
(atualizado às 12h43)
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Vários soldados russos se negaram a combater na Síria, para onde o Ministério da Defesa tinha planejado enviá-los em breve em uma missão secreta, publicou neste sábado o jornal digital "Gazeta.ru".

Número de refugiados não para de crescer, já que guerra civil na Síria não termina
Número de refugiados não para de crescer, já que guerra civil na Síria não termina
Foto: EFE

"Pensamos que nos enviavam ao Donbass (leste da Ucrânia), mas na verdade é a Síria. Não queremos ir para a Síria. Não queremos morrer ali", disse Alexei, um dos soldados profissionais destacados em uma unidade militar no porto de Novorossiisk (Mar Negro).

Os soldados garantem que, embora nenhum oficial tenha a princípio mencionado que seu destino seja a Síria, seus superiores os advertiram que seriam enviados para um país onde faz muito calor e há muitas serpentes, e os instruíram sobre como se comportarem caso sejam presos.

"Nos falaram sobre o reforço das bases aéreas na Síria. Um dos que trabalham no porto disse que os nossos já estão há quatro meses combatendo no terreno", indicou um dos militares profissionais.

Em 16 de setembro um representante do Estado-Maior revelou que a companhia seria enviada ao porto sírio de Latakia - uma das fortificações das forças do regime do presidente sírio, Bashar al Assad, e não descartou que tivessem que participar de ações de combate, e informou que partiriam no dia seguinte de navio.

Segundo o "Gazeta.ru", a companhia nunca foi enviada à Síria, já que nesse mesmo dia os soldados foram à promotoria militar, que se negou a tramitar a solicitação, e os advertiu sobre as punições que existem para os que se negam a cumprir ordens.

A mãe de um dos soldados denunciou que o Ministério da Defesa pressiona as famílias para que guardem segredo sobre o destino de seus filhos, sob a ameaça de ficar sem indenização caso morram em combate.

"Por que enviam as pessoas para ali, como gado ao matadouro? Nós não estamos em guerra. Nem nos perguntaram se estamos de acordo. Não levaram em conta o estado de saúde. E na Síria as condições climatológicas são extremas. Que vá (o ministro russo de Defesa, Sergei) Shoygu", disse uma das mães.

O advogado Ivan Pavlov deu razão aos soldados, e explicou que eles devem receber uma notificação por escrito sobre seu novo destino ou missão, documento que deve incluir as garantias sociais em caso de morte.

Segundo a imprensa russa, a Rússia já mobilizou forças especiais para proteger as instalações do centro de manutenção no porto sírio de Tartus e para evacuar os russos que vivem na Síria, caso seja necessário.

Enquanto, a imprensa ocidental fala que Moscou está habilitando aeródromos em território sírio já prevendo uma intervenção militar russa, e que já enviou tanques e todo tipo de armamento pesado.

Os especialistas russos garantem que, ao contrário do caso da Crimeia, o presidente russo, Vladimir Putin, não teria que solicitar permissão ao parlamento, já que existe um acordo bilateral de amizade e cooperação entre Rússia e Síria.

De fato, o Kremlin afirmou esta semana que cogitaria intervir no país árabe se o regime de Bashar al Assad pedir, que atualmente controla menos de um terço do território nacional.

EFE   
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