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Oriente Médio

Sírios devem decidir o futuro de Assad, diz ministro russo

8 fev 2012 - 07h14
(atualizado às 15h04)
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O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira, durante uma entrevista coletiva em Moscou, que os sírios devem decidir eles mesmos o futuro do presidente Bashar al-Assad, ao mesmo tempo que lamentou a decisão dos países que convocaram seus embaixadores em Damasco para consultas.

Serguei Lavrov concedeu entrevista coletiva em Moscou após rápida passagem por Damasco, capital da Síria
Serguei Lavrov concedeu entrevista coletiva em Moscou após rápida passagem por Damasco, capital da Síria
Foto: Reuters

Segundo o chanceler, chamar os embaixadores na Síria para consultas não facilita a tarefa da Liga Árabe. Ao ser questionado se havia abordado com o presidente Assad uma eventual saída do poder, Lavrov destacou que "qualquer conclusão do diálogo nacional deve ser o resultado de um acordo entre os próprios sírios, aceitável para todos os sírios".

"Apoiamos qualquer iniciativa que pretenda criar as condições para um diálogo entre os sírios", destacou Lavrov. "É o que a comunidade internacional deve fazer, seja o mundo árabe, a Europa, os Estados Unidos e outras regiões do mundo", completou o chanceler russo. "Tentar determinar de antemão o resultado do diálogo nacional não corresponde à comunidade internacional", destacou o ministro.

Serguei Lavrov, que na terça-feira visitou a Síria e se reuniu com Assad, afirmou em Damasco que teve uma reunião "muito útil" com o presidente sírio, que prometeu "fazer cessar a violência". No sábado, Rússia e China vetaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, apresentado pelos ocidentais e pelos países árabes, que condenava a repressão na Síria. O veto provocou indignação entre os países ocidentais e vários países árabes. A oposição síria afirmou que o veto era uma "licença para matar" concedida ao regime.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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