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Oriente Médio

Síria pede à ONU que inclua Al-Nusra em lista de associados à Al-Qaeda

11 abr 2013 - 16h28
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O ministério sírio das Relações Exteriores pediu nesta quinta-feira que o Conselho de Segurança da ONU inclua a frente Al-Nusra, envolvida na batalha contra o regime, na "lista negra" de entidades e indivíduos vinculados à Al-Qaeda para os quais estão previstas severas sanções.

"A Síria apresentou um pedido ao Conselho de Segurança para que inscreva a organização Frente Al-Nusra na lista unificada das organizações vinculadas à Al-Qaeda", indicou o ministério em um comunicado, em referência à resolução 1267 de 1989 da ONU.

As sanções contra as pessoas ou entidades veiculadas à Al-Qaeda ou organizações afiliadas incluem o congelamento de bens, a proibição de viajar e o embargo a armas.

Atualmente, são 64 entidades e 227 indivíduos inscritos nesta lista.

Além disso, o regime sírio e um dos principais integrantes da rebelião síria rejeitaram nesta quinta-feira o apelo do chefe da Al-Qaeda de criar um Estado islâmico na Síria, coincidindo com a promessa de lealdade feita pelos jihadistas da Frente Al-Nusra, muito atuante no local, a Ayman al-Zawahiri.

Os Comitês Locais de Coordenação (LCC), uma das primeiras organizações que fomentaram a revolta iniciada há dois anos no local, também rejeitaram totalmente as declarações do chefe da Al-Qaeda e seu chamado a criar um Estado islâmico na Síria.

"Condenamos esta flagrante ingerência nos assuntos internos sírios e reiteramos que apenas os sírios decidirão o futuro do país", indica em um comunicado este movimento, que reúne militantes pacifistas de diferentes tendências políticas.

Em uma mensagem de voz postada no domingo em um site islamita, o número um da Al-Qaeda pedia aos rebeldes: "Façam tudo o que estiver ao seu alcance para que o fruto da jihad seja, com a vontade de Deus, um Estado islâmico jihadista (...) uma etapa no caminho do restabelecimento do califado islâmico".

Os LCC "lembram que a revolução começou para instaurar a liberdade, a justiça e um estado democrático, pluralista e civil".

"Nosso sonho quando este regime fascista cair é estabelecer um regime baseado nas liberdades públicas, nos direitos humanos e na igualdade política entre os cidadãos", acrescentou.

A Frente Al-Nusra, na linha de frente no combate contra o regime sírio, anunciou na quarta-feira que jurava lealdade a Ayman al-Zawahiri, mas se distanciou do anúncio de apadrinhamento feito pelo braço iraquiano da rede na véspera.

O chefe da oposição síria, Ahmed Moaz al-Khatib, também rejeitou as declarações do chefe da Al-Qaeda.

"O pensamento da Al-Qaeda não nos agrada e os revolucionários na Síria devem adotar uma posição clara a respeito", disse em sua página no Facebook.

"Rejeitamos qualquer tutela sobre qualquer grupo revolucionário na Síria", disse.

A Frente Al-Nusra se converteu com o tempo em um componente essencial na luta armada contra o regime de Bashar al-Assad, graças a uma organização sólida e a um financiamento estrangeiro oculto.

Nesta quinta, ao menos 57 pessoas morreram em um ataque do exército sírio a duas localidades da província de Deraa, sul do país, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

De acordo com o OSDH, 10 soldados também desertaram de um importante posto militar próximo e se esconderam nas duas localidades.

Em Londres, o Grupo das 8 nações mais desenvolvidas do mundo, que encerrou uma reunião de chanceleres nesta quinta-feira, emitiu uma declaração na qual criticou duramente a Coreia do Norte por suas ameaças de lançar mísseis, mas se mostrou incapaz superar as divergências sobre a Síria, se limitando a pedir à comunidade internacional que amplie sua ajuda ao povo sírio.

Em seu comunicado final, o G8 se declarou "horrorizado" com o número de mortos no conflito na Síria, 70.000, segundo cálculos da ONU, mas não mencionou a questão do fornecimento de armas aos rebeldes, que continua a dividir os ocidentais.

Esta questão foi o centro das discussões entre vários ministros do G8 - William Hague, Laurent Fabius (França) e John Kerry (Estados Unidos)- e representantes da oposição síria, que reiterou seu pedido por armas para derrubar o regime de Bashar al-Assad.

O secretário de Estado americano se limitou a "não prometer nada".

Por fim, a organização Human Rights Watch acusou o regime sírio de ordenar ataques aéreos que matam civis "deliberadamente e de maneira indiscriminada".

A organização de defesa dos direitos humanos denunciou que as padarias e os hospitais figuram entre os alvos civis dos ataques aéreos do exército sírio, aos quais o regime recorre de maneira indiscriminada.

"As pessoas que cometem intencionalmente sérias violações das leis de guerra são culpadas de crimes de guerra", acrescentou a organização com sede em Nova York em um relatório intitulado "A morte que vem do céu".

Com base em uma investigação em zonas controladas pelos rebeldes de três províncias sírias, a HRW registrou bombardeios em padarias, hospitais e outros alvos civis.

A HRW afirma que os ataques aéreos mataram mais de 4.300 civis em todo o país desde julho de 2012, quando tiveram início.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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