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Oriente Médio

Síria: diplomacia em Paris, guerra no terreno, indício de armas químicas

27 mai 2013 - 14h58
(atualizado às 15h05)
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Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia não conseguiram chegar a um acordo sobre o fornecimento de armas aos rebeldes sírios, ao mesmo tempo em que os chefes da diplomacia americana, russa e francesa se preparam para se reunir em Paris para organizar a conferência de paz sobre a Síria.

O chanceler francês, Laurent Fabius, que retornou a Paris logo após a reunião em Bruxelas sobre a questão do embargo sobre as armas destinadas à oposição, deve se encontrar com o secretário de Estado americano, John Kerry, e com seu colega russo, Sergueï Lavrov, no início da noite.

Antes de deixar Bruxelas, Fabius afirmou que "não há acordo" sobre a retirada do embargo, acrescentando, no entanto, que há "suspeitas crescentes" sobre o uso de armas químicas na Síria.

Dois enviados especiais do jornal Le Monde testemunharam nesta segunda-feira a utilização de armas tóxicas contra as forças rebeldes entrincheiradas nos pomares de Damasco.

A utilização de armas químicas é alvo de suspeitas há algumas semanas, mas ainda não foi oficialmente provada.

A ONU pede a Damasco que permita a investigação por especialistas em meio às acusações recíprocas do regime e da oposição sobre o uso de tais armas.

Por hora, a comunidade internacional privilegia a organização de uma conferência de paz, Genebra 2.

Em Paris, as discussões a portas fechadas devem permitir, segundo um diplomata francês, esclarecer questões sobre os participantes desta conferência, prevista para acontecer em junho, e sobre seu mandato.

O regime de Damasco confirmou no domingo a participação do governo de Assad na conferência de Genebra, considerada por ele uma "boa oportunidade para uma solução política".

Já em Istambul, a Coalizão Nacional - o maior grupo da oposição síria - entrou nesta segunda-feira em seu quarto dia de debates sem conseguir uma posição de consenso sobre a participação nas negociações de paz impulsionadas por Estados Unidos e Rússia.

A Coalizão pediu, no entanto, para que a União Europeia retire seu embargo sobre as armas, no momento em que as forças do regime retomaram sua ofensiva e têm ganhado terreno.

Teerã, que os russos gostariam de ver participar da conferência de Genebra 2, uma possibilidade rejeitada por Paris, anunciou que receberá na quarta-feira uma "conferência internacional" para encontrar uma "solução política" para o conflito na Síria.

"Mais de 40 países são esperados, além de um representante do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan", indicou o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir Abdollahian.

Annan é o ex-mediador da ONU e da Liga Árabe no conflito que, segundo o Observatório dos Direitos Humanos, deixou mais de 94.000 mortos desde março de 2011.

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Apoiado pelos combatentes do Hezbollah, que perdeu ao menos 79 homens em uma semana, segundo uma ONG, o Exército sírio trava intensos combates pelo controle da cidade estratégica de Quseir (centro).

Uma jornalista da televisão estatal síria Al-Ikhbariya morreu quando fazia uma reportagem sobre a batalha de Quseir perto do aeroporto de Dabaa, localizado 6 km ao norte de Quseir.

Os insurgentes defendem com todas as forças esta cidade e seus arredores, região estratégica para os dois lados em conflito.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU deve evocar na quarta-feira "a deterioração da situação dos direitos Humanos na Síria e os recentes massacres em Quseir", um debate exigido com urgência por Estados Unidos, Turquia e Qatar.

Na abertura nesta segunda-feira da 23ª sessão do Conselho, Navi Pillay, Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos, alertou para o "pesadelo" que se desenha na Síria. Uma "catástrofe humanitária, política e social, verdadeiramente um pesadelo", declarou.

Por sua vez, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou-se no domingo "profundamente preocupado" pelo papel crescente do Hezbollah na Síria e pediu para que os esforços sejam redobrados com o objetivo de impedir que o conflito se estenda a outros países.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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