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Oriente Médio

Síria bombardeia Líbano e oposição escolhe premier

19 mar 2013 - 00h28
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A aviação síria bombardeou nesta segunda-feira, pela primeira vez, a fronteira com o Líbano, horas antes de a oposição síria, reunida em Istambul, escolher o executivo Ghassan Hitto como primeiro-ministro interino das áreas controladas pela rebelião.

"A aviação do regime bombardeou o norte do Líbano, atingindo Wadi al-Khayl, próximo da cidade fronteiriça de Arsal", declarou o departamento de Estado americano, confirmando uma informação de uma fonte militar libanesa.

A porta-voz do departamento de Estado, Victoria Nuland, considerou a ação como uma "escalada significativa na violação da soberania do Líbano, pela qual o regime sírio é responsável".

A França condenou "o bombardeio aéreo realizado hoje pelas forças armadas do regime sírio contra o território libanês na região de Ersal, o que constitui uma nova e grave violação da soberania do Líbano".

Segundo o porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores Philippe Lalliot "a França condena firmemente esta escalada e lembra seu apreço à soberania do Líbano e à inviolabilidade de suas fronteiras".

Um oficial dos serviços de segurança libaneses no terreno afirmou que a aviação síria lançou quatro mísseis contra posição da rebelião síria em Arsal, território libanês perto da fronteira.

Paralelamente, os líderes da Coalizão Nacional síria, reconhecida por dezenas de países como a única representante do povo sírio, escolheram Ghassan Hitto para premier interino das áreas controladas pelos rebeldes.

Até o ano passado, Hitto era um alto executivo de uma empresa de telecomunicações do Texas, mas em novembro de 2012, quando a rebelião ganhou força, deixou seu trabalho para se unir ao movimento contra o regime de Bashar al Assad.

"Ghassan Hitto venceu com 35 dos 49 votos", disse à AFP Hicham Marwa, membro da coalizão, sobre o executivo da área de alta tecnologia.

Além de Hitto, os favoritos eram o ex-ministro da Agricultura Assad Moustapha e o economista Osama al-Kadi.

O Exército Sírio Livre (ESL) já informou que apoiará "o governo e trabalhará sob sua égide".

Segundo Selim Idriss, chefe do Estado-Maior do ESL, a principal força armada da rebelião, "assumimos a responsabilidade de proteger o governo (interino) em todas as áreas libertadas na Síria, e se um ministro quiser visitar uma região ainda não libertada, seremos responsáveis por sua proteção, até o coração de Damasco".

O líder rebelde também garantiu que o ESL está em condição de controlar as armas que lhe forem entregues, enquanto a França se diz pronta a armar os rebeldes com a Grã-Bretanha.

"Esperamos que os países europeus tomem a decisão de nos dar armas e munições (...) Garantimos que essas armas não cairão nas mãos dos extremistas", afirmou.

A primeira tarefa do premier Ghassan Hitto será a de nomear um governo responsável por gerir os territórios do norte e do leste do país conquistados pelos insurgentes, mas afundados no caos administrativo.

Este novo Executivo deverá, necessariamente, ter sua sede na Síria, ressaltou o porta-voz da Coalizão Nacional Khaled al-Saleh, "um governo que trabalha via internet ou Skype não pode funcionar".

Eleito por uma Coalizão, cuja representatividade é muitas vezes contestada por militantes no terreno, Hitto deverá rapidamente confirmar na Síria a sua legitimidade.

"O primeiro-ministro viajará imediatamente para a Síria e se encontrará com os líderes de grupos rebeldes que combatem o regime de Assad", afirmou Samir Nashar, membro da Coalizão.

Os rebeldes vão delimitar "até que ponto estão prontos para aceitar as prerrogativas do primeiro-ministro. Isso poderá levar tempo", acrescentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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