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Oriente Médio

Síria acusa comissão da ONU de ser parcial e faltar com a verdade

4 jun 2013 - 09h55
(atualizado às 10h29)
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Damasco acusou nesta terça-feira a comissão de investigação da ONU sobre a Síria de "não ser neutra" e de faltar com a verdade em seu último relatório, que fala de "fundamentos razoáveis" do uso de armas químicas no país e assinala que a maioria das alegações acusam o regime de Bashar al-Assad.

"A integrante da comissão Carla del Ponte fez uma declaração corajosa ao afirmar que os grupos rebeldes tinham usado gás sarin. Algumas horas mais tarde, no entanto, houve intensas pressões ao presidente da comissão e este negou a veracidade das conclusões de sua colega", disse o embaixador sírio perante a ONU em Genebra, Fayssal Al-Hamwi.

"Diante disso, Como o mundo pode confiar na neutralidade e no profissionalismo da comissão? A Síria não confia no trabalho da comissão", reforçou Al-Hamwi durante a apresentação do quinto relatório da comissão perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O texto especifica que "existem fundamentos razoáveis para acreditar que foram usados agentes químicos como armas" na Síria, mas especifica que "os agentes precisos, os sistemas de distribuição e os autores não puderam ser identificados".

Dito isso, o relatório deixa claro que apesar de que houve "alegações" do uso de armas químicas pelas duas partes em conflito, "a maioria" delas aponta como autores as forças governamentais, e "não há evidência" de que os grupos rebeldes disponham delas e as tenham utilizado.

No dia 6 de maio, del Ponte declarou à mídia que havia reunido recopilado informações e testemunhos de que os grupos rebeldes tinham usado armas químicas, extremo que o presidente da comissão, Paulo Pinheiro, negou mais tarde ao assegurar que não havia provas suficientes para acusar nenhuma das duas partes.

Al-Hamwi não se referiu em nenhum momento às alegações segundo as quais o regime de Assad usou esse tipo de agente químico, e se limitou a lembrar que foi o próprio governo sírio que pediu à ONU que investigasse o possível emprego dessas armas.

No entanto, o governo sírio não permitiu a livre entrada ao país do grupo de investigadores e exige que só visitem a cidade onde os rebeldes são acusados de ter usado gás sarin.

A delegação russa também pediu que os investigadores só tenham acesso às localidades escolhidas por Damasco, e questionou a neutralidade e a imparcialidade da comissão ao ignorar alguns fatos e criticar outros.

"Por que a comissão não faz referência aos casos de canibalismo perpetrados pelos rebeldes?", se perguntou o embaixador russo, Alexei Borodavkin.

Surpreendentemente, a embaixadora americana, Eileen Donahoe, não se referiu hoje ao uso de armas químicas e se limitou a condenar a crescente brutalidade do regime, a criticar a intervenção da milícia libanesa xiita Hisbolá no conflito, e a lembrar a Damasco que um dia deverá prestar contas por seus crimes.

Mais direta foi a União Europeia, que em declaração conjunta afirmou estar "profundamente preocupada" pelo uso de armas químicas.

A UE condenou as atrocidades cometidas por ambas as partes, embora tenha lembrado que a comissão esclarece que "as violações e abusos cometidos pelos grupos armados não-governamentais não têm a intensidade e a escala dos cometidos pelo governo e suas milícias".

É por isso que a UE solicitou à ONU que submeta o caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para que possa investigar as atrocidades cometidas na Síria.

EFE   
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