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Oriente Médio

Síria aceita prorrogar missão de observadores da Liga Árabe

24 jan 2012 - 18h26
(atualizado às 23h38)
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O regime de Damasco aceitou nesta terça-feira prolongar por um mês a missão de observadores da Liga Árabe mobilizados no país desde o fim de dezembro para tentar colocar fim a 10 meses de violência, mas reafirmou sua oposição à solução proposta pela entidade. "O ministro de Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, enviou esta noite uma carta ao secretário-geral da Liga Árabe para informá-lo sobre a concordância do governo sírio para sua demanda de prorrogar em um mês a missão dos observadores da Liga, de 24 de janeiro a 23 de fevereiro de 2012", afirmou a Sana.

Reafirmando sua determinação em acabar com a revolta iniciada em março, Muallem rejeitou o plano de saída da crise proposto no domingo pela Liga Árabe. "Terminaram as soluções árabes", disse o chanceler sírio, depois de acusar os árabes de "conspirar" para internacionalizar a crise e de adotar decisões "cientes de que serão rejeitadas" pelas autoridades sírias. "A solução deve ser síria (...) e estar centrada na aplicação do programa de reformas anunciado pelo presidente Bashar al Assad e na abertura de um diálogo nacional", completou.

Em sua iniciativa adotada no domingo, a Liga pediu a Assad que dê "prerrogativas ao vice-presidente" para formar "um governo de união" nacional "em dois meses", com o objetivo de preparar eleições legislativas e presidenciais "pluralistas e livres". Mas o governo sírio rejeitou nesta segunda-feira o plano, considerando-o uma "ingerência flagrante" em seus assuntos e um "atentado à sua soberania".

A Liga Árabe anunciou nesta terça-feira que havia solicitado uma reunião com o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, para pedir o apoio do Conselho de Segurança. As monarquias do Golfo pediram ao Conselho de Segurança e aos seus cinco membros permanentes que "apliquem todas as medidas necessárias para exercer pressões sobre a Síria e levá-la a aplicar o plano árabe de paz", segundo um comunicado oficial.

Os observadores foram mobilizados no dia 26 de dezembro depois do sinal verde dado por Damasco para um protocolo que prevê o fim da violência, a libertação de presos, a retirada dos tanques das cidades e a livre circulação da imprensa e de observadores. Mas nenhuma das cláusulas foi respeitada.

No domingo, o primeiro-ministro do Qatar havia declarado que a iniciativa aponta "para uma saída pacífica do regime sírio". "Caso não seja aplicada, iremos ao Conselho de Segurança" da ONU, advertiu.

As autoridades de Damasco não reconhecem a amplitude da contestação popular que desde março ganha cada vez mais força, e alegam estar combatendo "grupos terroristas financiados no exterior" que tentam de semear o caos no país. Do lado ocidental, a Alemanha e outros países europeus também decidiram pedir ao Conselho de Segurança da ONU que "apoie" o plano árabe.

Uma resolução condenando a repressão na Síria, que segundo a ONU já deixou mais de 5.400 mortos desde março, é bloqueada por Moscou há várias semanas no Conselho de Segurança. Frente à incessante repressão, a União Europeia adotou uma série de sanções contra 22 membros do aparato de segurança sírio e contra oito instituições do país.

Na segunda-feira, pelo menos 23 civis morreram atingidos por disparos das forças do regime, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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