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Oriente Médio

Saiba quem são as autoridades mortas em atentado na Síria

18 jul 2012 - 12h51
(atualizado às 13h31)
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O general Asef Shawkat, vice-ministro da Defesa, era considerado um dos principais chefes de segurança do presidente Bashar Al-Assad. Em 2010, ele foi substituído como chefe da Inteligência Militar para se tornar vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas e vice-ministro da Defesa.

 O ministro da Defesa sírio, general Daoud Rajha (em foto de arquivo), foi morto no atentado desta quarta-feira
O ministro da Defesa sírio, general Daoud Rajha (em foto de arquivo), foi morto no atentado desta quarta-feira
Foto: AFP

Apesar da aparente promoção, figuras da oposição dizem que Shawkat na verdade foi punido, por que o assassinato de Imad Mughniyeh, comandante militar do grupo libanês Hezbollah, um aliado da Síria, ocorreu numa área de Damasco que estava sob sua responsabilidade.

Os EUA dizem que Shawkat é um dos principais artífices da política Síria de "fomentar o terrorismo". Analistas discordam, entretanto, dizendo que não houve qualquer significado político na mudança de cargo, e que os preparativos para tal já estavam sendo feitos.

Nascido em 1950 em uma família alauíta de classe média em Tartus, ele estudou direito na Universidade de Damasco. No fim dos anos 1970, juntou-se ao Exército. Ele subiu nos escalões do Exército, mas sua sorte mudou de forma espetacular na metade dos anos 1990, quando ele se casou com a única filha de Hafez Al-Assad, Bushra, apesar de parte da família Assad discordar da união, já que Shawkat era divorciado, pai de cinco filhos, e 10 anos mais velho que a noiva.

Após receber a bênção de Hafez, ele foi recebido no seio da família e construiu uma relação próxima com Bashar, o atual presidente.

O ex-vice-presidente da Síria Abdul Halim Khaddam via o general Shawkat como "um oficial inteligente, culto, corajoso e com grandes ambiçoes", que tinha ligações com os chefes da inteligência e outras figuras de poder no país.

Havia relatos, entretanto, de atritos com o filho mais novo de Bashar, Maher, que teria dado um tiro no estômago de Shawkat em 1999. Ele teria viajado de avião a Paris para receber tratamento em um hospital militar.

Mais tarde, o general Shawkat tornou-se o chefe de facto da inteligência militar do país, título que conseguiu oficialmente em 2005. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, Shawkat tornou-se uma das principais conexões do presidente com agências de inteligência de EUA e Europa, e ajudou a estabelecer uma operação de inteligência dos EUA na Sìria - que mais tarde foi fechada, quando a relação entre os dois países azedou.

Em 2005, Maher e Shawkat foram mencionados em um relatório preliminar de investigadores da ONU como um dos possíveis artífices do assassinato do ex-presidente do Líbano Rafik Hariri. Os EUA e a União Europeia impuseram sanções a Shawkat em 2011, acusando-o de desempenhar papel fundamental na repressão a protestos contra o governo de Assad.

Em janeiro de 2012, ele teria se envolvido em negociações para obter uma trégua sem precedentes entre forças de segurança e forças rebeldes em Zabadani, uma cidade montanhosa a noroeste de Damasco. A trégua durou um mês, até os militares recuperarem o controle local.

Em meados de maio de 2012, ativistas de oposição afirmaram que Shawkat tinha morrido e sido enterrado em sua cidade natal, Madhala, depois de ter sido envenenado por rebeldes.

O ministro do Interior, Mohammed Al-Shaar, o ministro da Defesa, Daoud Rajha, o assistente do presidente Hassan Turkomani, entre outros, também teriam morrido, segundo forças rebeldes. O general Turkomani apareceu na TV para desmentir o relato. Shaar foi ao ar no rádio para fazer o mesmo, mas Shawkat não - o que alimentou rumores sobre sua morte.

No dia 18 de julho, a mídia estatal afirmou que Shawkat tinha sido morto em um ataque suicida no quartel-general das forças de segurança do país, em Damasco.

Daoud Rajha, ministro da Defesa
O general Daoud Rajiha foi nomeado ministro da Defesa em agosto de 2011, e continuou no cargo após uma reforma no Gabinete, em junho. Os EUA e a UE impuseram sanções a Rajha em maio, acusando-o de comandar a repressão a protestos anti-governo.

O general de 65 anos já tinha servido como chefe do Estado Maior das Forças Armadas por sete anos. Ele foi promovido à patente de general em 2005. Acredita-se que Rajiha fosse cristão ortodoxo grego, uma raridade no governo e nas Forças Armadas sírias, dominados pelos alauítas, ramo do islamismo ao qual pertence o presidente Assad.

Hassan Turkomani, assistente do vice-presidente

O general Hassan Turkomani foi nomeado assistente do vice-presidente (com status de ministro) em 2009. Ele também teria sido nomeado enviado especial de Assad.

Nascido em 1935, Turkomani juntou-se ao Exército nos anos 1950. Ele lutou contra Israel no Líbano, antes de tornar-se general, nos anos 1980, e chefe do Estado Maior das Forças Armadas, em 2002.

Sua chegada ao Ministério da Defesa em 2004 - substituindo Mustafa Tlas, que estava no cargo há 32 anos - contrariou especulações sobre o próximo ocupante do cargo ser um civil.

Muçulmano sunita - diferentemente de muitos na elite síria - Turkomani era antigo membro do partido governante, Baath, tendo servido no Comando Regional e no Comitê Central da agremiação.

Ativistas dizem que após a eclosão dos protestos contra Assad, em 2011, Turkomani foi nomeado chefe das Forças de Segurança, baseadas no prédio atacado nesta quarta-feira em Damasco. Em agosto, a UE impôs sanções ao general.

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