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Oriente Médio

Rússia não entregou 'até agora' mísseis S-300 à Síria

4 jun 2013 - 12h19
(atualizado às 12h46)
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O presidente Vladimir Putin afirmou nesta terça-feira que a Rússia ainda não entregou os mísseis de defesa antiaérea S-300 prometidos à Síria, ao mesmo tempo que destacou que Moscou não pretende modificar as relações de força no Oriente Médio.

Após uma reunião nos Urais com autoridades da União Europeia, Putin declarou que o contrato de fornecimento de armas a Damasco "foi assinado há vários anos", mas que "ainda não foi cumprido".

"Não queremos desestabilizar o equilíbrio na região", ressaltou Putin ao lado do presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, e do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, durante coletiva de imprensa em Ekaterinburgo (1.500 km a leste de Moscou).

Em uma entrevista ao canal de televisão do Hezbollah, Al-Manar, exibida em 31 de maio, o presidente sírio Bashar al-Assad afirmou, referindo-se à entrega dos sistemas de defesa prometidos por Moscou, equivalentes aos Patriot americanos, que "todos os acordos com a Rússia serão cumpridos e uma parte já o foi recentemente".

Vladimir Putin, líder do principal aliado do regime de Damasco, também advertiu que qualquer intervenção militar na Síria está "fadada ao fracasso" e que terá "pesadas consequências humanitárias".

O conflito na Síria causou desde março de 2011 mais de 94 mil mortes, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Os confrontos também deixaram 4,25 milhões de deslocados neste país de 22 milhões de habitantes.

A Rússia havia alertado em maio para qualquer intervenção contra a Síria, após dois ataques do Exército israelense no país em 48 horas.

Os ataques foram efetuados, segundo uma autoridade israelense, para impedir a transferência de armas ao Hezbollah libanês que combate ao lado das tropas do regime de Assad.

A instalação dos S-300, sofisticados sistemas de defesa antiaérea equipados com mísseis terra-ar capazes de interceptar em voo aviões de combate ou mísseis teleguiados, complicaria o projeto dos Estados Unidos e de seus aliados de estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a Síria ou de intervir para para proteger ou destruir armas químicas.

Segundo o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon, o fornecimento de S-300 à Síria não pode acontecer antes de 2014.

Aos líderes europeus, Putin criticou a retirada na semana passada do embargo da UE sobre o fornecimento de armas à oposição síria, que, segundo ele, representa um "obstáculo" para a organização da conferência de paz sobre a Síria.

A Rússia também acusou o Ocidente de "encher de armas uma região explosiva", em resposta à entrega de mísseis de defesa Patriot americanos para a Jordânia, em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

Putin também foi irônico ao falar da segurança dos participantes russos na conferência de paz de Genebra - ainda sem uma data definida - frente aos rebeldes que "estripam e devoram" seus inimigos, em alusão a um vídeo macabro postado na internet.

Além da Síria, os direitos humanos na Rússia e a influência da gigante russa Gazprom no mercado europeu do gás estão entre os outros pontos de atrito na cúpula Rússia-UE.

No fim de semana, a Rússia bloqueou mais uma vez um projeto de declaração do Conselho de Segurança da ONU apresentado pelo Reino Unido sobre a situação na cidade estratégica de Qousseir (centro da Síria).

Moscou acusa a UE de encorajar a oposição síria a rejeitar qualquer solução de paz ao retirar na semana passada o embargo sobre as armas entregues aos rebeldes.

Em seu relatório mais recente apresentado ao Conselho dos Direitos Humanos, a comissão de investigação da ONU sobre a Síria, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, denunciou nesta terça o uso de agentes químicos em pelo menos quatro ocasiões no território sírio, entre março e abril.

Ela também revelou que "crimes de guerra e crimes contra a Humanidade se tornaram uma realidade cotidiana", citando os massacres e a tortura.

Já a ONG Human Right Watch (HRW) suspeita que o regime tenha executado 147 homens, que tiveram seus corpos retirados de um rio em Aleppo no início do ano.

Em Damasco, um civil foi morreu na queda de morteiros perto da embaixada russa, localizada no bairro de Mazraa, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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