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Oriente Médio

Rússia e EUA conversam sobre zona de cessar-fogo na Síria

13 jan 2014 - 10h10
(atualizado às 12h46)
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Os Estados Unidos e a Rússia pediram nesta segunda-feira um "cessar-fogo limitado" na Síria antes da conferência de Paz prevista para o dia 22 de janeiro na Suíça, uma das exigências da Coalizão de Oposição Síria para sua participação. Contudo, os dois países se mostraram divididos em relação à participação do Irã na reunião, condicionada por Washington à aceitação de Teerã de uma transição política em Damasco.

"Discutimos hoje a possibilidade de tentar encorajar um cessar-fogo, talvez um cessar-fogo começando por Aleppo" (norte do país), declarou o secretário americano de Estado, John Kerry, durante uma coletiva de imprensa após uma reunião em Paris com seu colega russo, Serguei Lavrov.

Este encontro foi seguido por uma reunião a três, com o enviado especial da Liga Árabe e da ONU para a Síria, Ladhkar Brahimi. Os três advogaram também a favor de trocas de prisioneiros entre a rebelião e o regime sírio, assim como a criação de corredores humanitários na Síria, uma outra demanda da Coalizão de oposição.

Na coletiva de imprensa, o ministro russo e Lakhdar Brahimi pediram a participação do Irã nesta conferência, chamada de Genebra II. "Para nós, o envolvimento de países como o Irã e a Arábia Saudita é uma necessidade imperativa", declarou Lavrov. "Há apenas poucos dias entes do dia 22 de janeiro. Devemos fazer todo o possível para iniciar este processo", acrescentou.

A Arábia Saudita foi convidada a participar na conferência em Montreux, mas não o Irã em razão da oposição americana. Para os Estados Unidos, a eventual presença do Irã está condicionada à aceitação dos princípios da transição política na Síria, definidos na primeira conferência realizada em Genebra no dia 30 de junho de 2012. Nesta perspectiva, o presidente sírio Bashar al-Assad deve ser afastado do poder.

Teerã, cujo chefe da diplomacia Mohammad Javad Zarif, é esperado em breve na Síria, assegurou no domingo que seu país está pronto para participar dessas negociações na Suíça, mas "sem pré-condições". Moscou também receberá o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mouallem.

Enquanto os Estados Unidos expressaram seu otimismo quanto a realização da conferência de paz, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, foi mais prudente. "Nós desejamos que Genebra II aconteça, mas a decisão ainda não foi tomada", disse ao grupo de mídia BFM-RMC.A decisão "não foi tomada porque Assad e os terroristas fazem o máximo para que a conferência não aconteça", acrescentou.

No domingo, os ministros das Relações Exteriores dos onze membros dos Amigos da Síria (Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Egito, Jordânia, Estados Unidos e Turquia), reunidos com o presidente da Coalizão síria, Ahmad Jarba, pediram que seus interlocutores sírios que participem da conferência Genebra 2.

A Coalizão opositora síria não conseguiu alcançar um acordo sobre a questão de sua participação e adiou a decisão até 17 de janeiro. Após a reunião, Ahmad Jarba expressou suas preocupações medos, mas elogiou a posição comum dos Onze de que "Assad e sua família não têm futuro na Síria, e que sua saída é inexorável".

O regime sírio reitera que Damasco não irá à Suíça "para entregar o poder a qualquer um ou fazer acordos", e que cabe a Assad realizar a transição.

O objetivo da conferência, definida em junho de 2012 em um acordo internacional alcançado também em Genebra, mas que nunca foi aplicado, é negociar um processo de transição política, como a formação de um governo provisório, composto por membros do regime e da oposição, com plenos poderes.

Mais de 130 mil pessoas, inclusive 7 mil crianças, morreram em combates entre o regime e a oposição desde março de 2011, quando começou um conflito que levou ao êxodo a milhões de pessoas e deixou 2,4 milhões de refugiados.

Guerra na Síria para iniciantes
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