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Oriente Médio

Reunião internacional na Tunísia discute situação na Síria

24 fev 2012 - 10h20
(atualizado às 10h25)
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Os representantes de mais de 50 países, com a destacada exceção da Rússia, se reúnem nesta sexta-feira na Tunísia para "dirigir uma mensagem clara" ao regime sírio para que "pare com as matanças" e convocar a unificação da oposição, que pede a criação de uma "zona protegida".

Os chefes da diplomacia dos países da Liga Árabe, da União Europeia e dos Estados Unidos participarão desta reunião internacional. O Conselho Nacional Sírio (CNS) e outros componentes da oposição também foram convocados.

Na véspera, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, apontou o CNS como "uma alternativa" ao regime de Bashar al-Assad. "Achamos que o Conselho Nacional sírio, que estará representado à mesa, prova que existe uma contrapartida ao regime Assad", declarou Hillary Clinton.

"Isto é consenso entre os países árabes e entre todos os outros que preparam esta conferência, o que justifica sua presença", acrescentou. No entanto, a Rússia, principal apoio do regime de Bashar al-Assad, que já bloqueou em duas ocasiões junto à China uma resolução no Conselho de Segurança da ONU de condenação da repressão, rejeitou o convite.

"O objetivo real desta iniciativa não está claro", lamentou Moscou, que ressaltou que nenhum representante do regime de Damasco foi convidado e considerou que o encontro tinha como objetivo dirigir "um ataque frontal contra o regime de Assad".

A China ainda não decidiu se participará ou não, e indicou que está examinando "a utilidade" da conferência. Segundo a Tunísia, país anfitrião, o encontro tem por objetivo "dirigir uma mensagem clara ao regime sírio para que ponha fim às matanças contra seu povo" e "manifestar a solidariedade com o povo sírio".

"Trata-se de exercer o máximo de pressão" sobre o regime de Bashar al-Assad, disse o ministro tunisiano das Relações Exteriores, Rafik Abdelsalem, que repetiu que não era questão de abordar uma intervenção estrangeira na Síria, opção amplamente rejeitada até agora.

"Esperamos que (a reunião) desempenhe um papel chave no aumento da pressão diplomática sobre o governo sírio", segundo o ministério das Relações Exteriores britânico, enquanto Roma evocou "um aumento de pressões econômicas sobre o entorno do presidente Assad".

Já o CNS espera iniciativas concretas, em particular o acesso humanitário às vítimas da repressão que já deixou mais de 6 mil mortos há 11 meses.

Durante a conferência buscará obter "ajuda humanitária e uma zona de proteção dentro da Síria", indicou a oposição no exílio em uma coletiva de imprensa em Paris nesta quarta-feira. "Podem ser garantidas rotas protegidas mediante um compromisso russo para obrigar o regime a respeitar o acesso da ajuda humanitária em total segurança", acrescentou.

Moscou indicou nesta quarta-feira que apoiava o chamado feito na véspera pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para estabelecer tréguas diárias de duas horas que permitam a passagem da ajuda humanitária.

A reunião também enviará uma "mensagem clara" à Rússia e à China que, "infelizmente, até agora tomaram as decisões equivocadas", disse a secretária americana de Estado, Hillary Clinton. Os países ocidentais querem reiterar seu apoio ao plano da Liga Árabe, que prevê, entre outros, etapas de uma transição democrática em Damasco e a nomeação de um enviado especial da ONU para a Síria.

Insistem também na necessidade de a oposição síria, fragmentada, se unificar. A oposição deve incluir "todas as sensibilidades" e "comunidades" de países para se converter em sócios do diálogo político, considerou o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.

Embora um reconhecimento global do Conselho Nacional Sírio, principal instância da oposição, não esteja na ordem do dia, "podem, no entanto, existir iniciativas individuais que acelerarão o processo", considerou Monzer Makhus, um representante do CNS. A questão do apoio político e material à oposição, defendido pela Liga Árabe, pode também ser evocado, mas Washington já considerou "prematuro" armar a oposição síria, devido ao risco de infiltrações da Al-Qaeda na crise do país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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