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Oriente Médio

Reformistas apoiam candidato moderado na eleição iraniana

11 jun 2013 - 10h31
(atualizado às 10h37)
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As chances de eleição do moderado Hassan Rohani na eleição presidencial iraniana aumentaram nesta terça-feira, graças ao apoio recebido dos reformistas após a retirada de seu único candidato.

Nos últimos dias, os apelos ganharam força entre os líderes e militantes reformistas, principalmente em reuniões públicas, para que Mohammad Reza Aref retirasse a candidatura em favor de Rohani, que também recebeu o apoio do ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani.

"Em uma carta (o ex-presidente reformista) Mohammad Khatami, líder do movimento reformista, disse que permanecer na disputa presidencial não era de interesse (do movimento). Então, decidi retirar-me da corrida", declarou Aref em um comunicado publicado nesta terça-feira em seu site (draref.ir).

Algumas horas depois, Khatami apelou aos iranianos para que votem em Rohani.

"Peço a todos, especialmente os reformistas e todos aqueles que querem a grandeza de nossa nação, a participar da eleição e votar em Rohani", disse.

"Devido ao dever que tenho para com o meu país e pelo futuro do povo, votarei em meu querido irmão Rohani", escreveu Khatami em sua mensagem.

A desistência de Aref é a segunda em dois dias, após a do conservador Gholam-Ali Hadad-Adel, que abdicou de sua campanha na segunda-feira para "promover a eleição de um conservador".

Rohani, um religioso de 64 anos, terá pela frente como principais adversários Saeed Jalili, Ali Akbar Velayati e Mohammad Bagher Ghalibaf. Os outros dois candidatos, o conservador Mohsan Rezaie e o moderado Mohammad Gharazi, estão atrás na corrida presidencial.

Em um comunicado oficial, o Conselho Consultivo (que inclui moderados e reformistas), próximo de Mohammad Khatami, anunciou que "Hassan Rohani é agora o candidato do campo reformista".

"Eu seguirei o mesmo caminho traçado por Rafsanjani e Khatami", declarou Rohani na segunda-feira em um comício no Curdistão.

"Eu não aprovo a atual política externa. Tentaremos ter um bom entendimento (com outros países) para reduzir aos poucos as sanções até suprimi-las por completo", acrescentou.

Rohani defende uma política de flexibilidade nas negociações com as potências do Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) para resolver a crise nuclear iraniana.

Sob a presidência de Khatami, Rohani foi secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional. Desta forma, foi responsável pelas negociações nucleares entre o Irã e os três países europeus (França, Grã-Bretanha e Alemanha) para resolver a crise nuclear entre 2003 e 2005.

Na ocasião, o Irã concordou em suspender seu programa de enriquecimento de urânio e aplicar o Protocolo Adicional ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que permite inspeções sem aviso prévio a instalações nucleares no país.

Os partidários de Saeed Jalili, atual chefe dos negociadores nucleares do Irã, criticaram duramente a política de Rohani, alegando que ele cedeu sem receber nada em contrapartida das potências ocidentais.

Em 2005, após a eleição de Mahmud Ahmadinejad, ele deixou seu posto e, em seguida, o Irã retomou as atividades de enriquecimento e suspendeu a aplicação do Protocolo Adicional.

Nesta terça-feira, parte da imprensa moderada e reformista comemorou a união selada entre seus partidários. Desde segunda-feira, vozes conservadoras se levantaram para pedir pela unidade na expectativa da decisão de Aref.

"Em caso de dispersão de votos entre os conservadores, um candidato conservador será eleito com uma pequena margem em relação ao candidato dos reformista, o que poderia ser usado como argumento para fazer propaganda. Esta dispersão é irracional", advertiu Hassan Shariatmadari, diretor do jornal ultra-conservador Kayhan.

Prevendo a união entre reformistas e moderados, o candidato conservador Hadad-Adel pediu a união dos conservadores para a eleição de um dos seus no primeiro turno ou, em caso de segundo turno, fazer como que dois candidatos conservadores estejam presentes para bloquear o caminho aos reformista.

O atual presidente conservador Mahmud Ahmadinejad declarou: "Nem o governo nem eu mesmo apoiaremos alguém. Só tenho um voto e é segredo".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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