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Oriente Médio

Rebeldes sírios tomam base-chave do regime no sul do país

9 jun 2015 - 19h57
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Os rebeldes sírios tomaram nesta terça-feira uma das bases militares mais importantes no sul do país, o que constitui um novo revés para o Exército de Bashar al-Assad.

Nos últimos meses, o Exército sírio sofreu uma série de derrotas para os jihadistas do Estado Islâmico (EI), assim como para outros grupos que querem derrubar o regime de Al-Assad.

Os rebeldes ganham espaço no norte e no sul da Síria, onde os insurgentes receberam um apoio crescente de seus sócios regionais, sobretudo, Arábia Saudita e Turquia.

"Após 24 horas de combates, a Frente Sul (rebelde) libertou inteiramente a base chamada Brigada 52 e expulsou o regime", declarou o porta-voz desse grupo armado Isam al-Rayes.

"Cerca de 20.000 rebeldes participaram (...) dessa operação relâmpago", acrescentou.

A Brigada 52 era uma das últimas bases nas mãos do regime na província meridional de Deraa, dominada pela rebelião.

Trata-se de um local estratégico que dá aos rebeldes o acesso à província de Sueida (sul), uma das poucas que segue controlada pelo regime. A base se situa, além disso, a 10 quilômetros da principal estrada que vai do sul do país à capital, Damasco.

"Essa base era um pesadelo para os rebeldes, porque era a principal base a partir da qual o regime bombardeava todas as nossas regiões no sul", disse Isam al-Rayes.

O local também abrigava "um importante corpo de infantaria utilizado pelo regime para atacar as cidades do sul", indicou à AFP Dia al-Hariri, porta-voz de Faylaq al-Awwal, um dos grupos rebeldes da Frente Sul.

A Frente Sul é uma coalizão formada, principalmente, por rebeldes considerados moderados e grupos islamitas, como o Ahrar al-Cham.

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) explicou que os rebeldes bombardearam a base, obrigando os soldados do regime a se retirar para a localidade próxima de Dara.

Ao menos 15 rebeldes e 20 soldados morreram, segundo esta ONG com sede no Reino Unido, que dispõe de uma ampla rede de fontes na Síria.

Segundo vários especialistas, os rebeldes recebem há meses um importante apoio de seus sócios sauditas, turcos ou catarianos, que decidiram deixar de lado suas rivalidades regionais para ajudá-los.

O OSDH afirma que 230.000 pessoas morreram desde o início do conflito sírio, há mais de quatro anos. Entre os falecidos, há 70.000 civis, incluindo mais de 11.000 crianças.

As baixas civis diárias podem ser explicadas, em parte, pela decisão do regime de continuar recorrendo aos bombardeios aéreos como principal arma contra os insurgentes.

Nesta terça-feira, quatro civis de uma mesma família morreram depois que a Força Aérea síria soltou um barril de explosivos sobre um bairro rebelde da cidade de Aleppo, segundo um jornalista da AFP.

Frente a essa onda de violência, o processo político parece estar em ponto morto.

Representantes da oposição no exílio e da oposição tolerada no país se reuniram pelo segundo dia consecutivo nesta terça, no Cairo. O objetivo é conseguir formar uma coalizão, que seja mais ampla e independente da influência estrangeira, além de elaborar um "mapa de paz" que exclua qualquer papel do governo Assad no futuro do país.

Distribuído no fim da conferência que contou com cerca de 150 opositores, este documento ressalta a necessidade de "uma solução política negociada (...) sob a égide da ONU".

O texto reivindica "um clima favorável ao acordo político", a detenção dos combates, a libertação de presos e o retorno dos opositores políticos instalados no exterior.

No vizinho Iraque, os jihadistas do EI armados com fuzis, pistolas ou cinturões de explosivos atacaram nesta terça-feira um conselho municipal no oeste, segundo autoridades locais.

Vestidos com uniformes policiais, os dois homens foram abatidos antes de detonarem suas cargas explosivas, mas conseguiram abrir fogo, matando um policial e um civil.

Este ataque ocorreu exatamente um ano após o início da ofensiva do EI no Iraque, que lhe permitiu conquistar extensos territórios do oeste e do norte, incluindo Mossul, a segunda cidade do país.

O Exército e as poderosas milícias xiitas, que não conseguem lançar uma operação para retomar Mossul, avançam, no entanto, em Baiji (200 km ao norte de Bagdá). Essa localidade fica perto da maior refinaria do Iraque, cobiçada pelo EI.

A coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos anunciou ter realizado 23 ataques aéreos na Síria e no Iraque, na segunda-feira, principalmente perto de Baji e de Mossul.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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