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Oriente Médio

Rebeldes sírios denunciam que regime violou cessar-fogo

12 abr 2012 - 06h16
(atualizado às 07h51)
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O opositor Exército Livre Sírio (ELS) denunciou nesta quinta-feira que o regime de Damasco "está enganando" a comunidade internacional, uma vez que teria continuado os ataques mesmo após o cessar-fogo ter entrado em vigor nesta manhã.

Meninos posam para foto com armas de brinquedo na cidade síria de Hula, perto de Homs. A violenta repressão às revoltas no país já fez muitas crianças vítimas de ataques. Um dos mais graves ocorreu na segunda-feira, quando um massacre fez mais de 40 mortos, a maioria crianças. À medida que algumas famílias conseguem fugir da Síria, o regime de Bashar AL-Assad continua uma matança desenfreada que não leva em conta a idade das vítimas
Meninos posam para foto com armas de brinquedo na cidade síria de Hula, perto de Homs. A violenta repressão às revoltas no país já fez muitas crianças vítimas de ataques. Um dos mais graves ocorreu na segunda-feira, quando um massacre fez mais de 40 mortos, a maioria crianças. À medida que algumas famílias conseguem fugir da Síria, o regime de Bashar AL-Assad continua uma matança desenfreada que não leva em conta a idade das vítimas
Foto: Reuters

Luta por liberdade revoluciona norte africano e península arábica

O "número dois" do ELS, Malek Kurdi, disse à agência EFE que desde a primeira hora de hoje o regime bombardeou o bairro de Harabis, em Homs, enquanto em Idlib as forças governamentais abriram fogo desde um posto de controle em seus arredores e em Aleppo dispararam na entrada oriental da cidade. Kurdi acrescentou que as tropas do regime também dispararam em Latakia, junto à costa mediterrânea, "para aterrorizar os cidadãos".

O cessar-fogo entrou em vigor na Síria às 6h locais (0h de Brasília), de acordo com o plano de paz do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. "Dizemos ao senhor Kofi Annan, à ONU e ao Conselho de Segurança que o regime está enganando a comunidade internacional", assegurou Kurdi, para quem chegou o momento de adotar "uma iniciativa séria sobre este regime que seguirá com a violência porque não conhece a linguagem da lei e do diálogo".

Além disso, o braço direito do ELS destacou que Damasco não retirou suas tropas do interior das cidades; pelo contrário, enviou reforços.

Com relação à chamada feita pelo Conselho Nacional Sírio (CNS) - a principal formação opositora - para que os cidadãos se manifestem pacificamente hoje, Kurdi disse que seus homens acompanharão esses protestos para proteger o povo.

Segundo sua opinião, o que pode levar o país a uma guerra civil é "o atraso do mundo em apoiar o povo sírio com a provisão de armas ao ELS, porque o povo tentará defender-se por si mesmo e conseguir armamento por sua própria conta". Kurdi avalia que esse cenário pode propiciar a aparição de grupos armados que "tentarão fazer justiça por suas próprias mãos".

Damasco anunciou ontem que as operações militares seriam finalizadas nesta quinta-feira, mas alertou que suas tropas se manteriam em alerta para defender-se de eventuais ataques de elementos armados.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. De acordo com cálculos de grupos opositores e das Nações Unidas, pelo menos 9 mil pessoas já morreram desde o início da crise Síria.

EFE   
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