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Oriente Médio

Rebeldes sírios conquistam importante vitória em Raqa

4 mar 2013 - 13h46
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Os rebeldes sírios conquistaram nesta segunda-feira sua mais importante vitória desde o início da revolta contra Bashar al-Assad, há dois anos, ao tomarem o controle de uma capital provincial, Raqa, no norte do país.

"Os rebeldes controlam quase totalmente a cidade. Há ainda certa resistência das forças do regime, particularmente na sede da segurança militar e no prédio do partido Baath", anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que se apoia em uma ampla rede de militantes e fontes médicas.

Os combates prosseguem e a cidade é alvo de ataques aéreos realizados pelo regime, indicou a mesma fonte.

"Nas próximas horas, Raqa será a primeira capital de uma província fora do controle do regime", declarou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH. Segundo ele, são os jihadistas da Frente al-Nusra, aliados a outros grupos, que combatem na cidade.

Uma estátua de Hafez al-Assad, predecessor e pai do atual presidente Assad, foi destruída, de acordo com as imagens de um vídeo postado na internet por militantes.

Segundo relatos, um chefe da polícia foi morto e dois membros da segurança do Estado e da segurança política foram presos. O chefe da segurança do Estado já foi transferido para a Turquia, segundo o OSDH.

Localizado na região do rio Eufrates, perto da fronteira turca, a cidade de Raqa possuía 240.000 habitantes, mas mais de 800.000 deslocados buscaram refúgio na localidade desde o início do conflito, em março de 2011.

Nas últimas semanas, os rebeldes cortaram todos os acessos à cidade para o envio de armas e reforços para o Exército.

Além disso, os insurgentes penetraram no aeroporto militar de Menagh, 30 km ao noroeste da cidade, e destruíram uma ponte no sul de Aleppo para impedir a chegada de reforços ao principal aeroporto.

Em contrapartida, as forças do governo realizam nesta segunda-feira uma grande ofensiva para recuperar o controle dos bairros rebeldes da cidade de Homs (centro).

Em Homs, foram registrados "os combates mais violentos em meses e já são dezenas os mortos e feridos entre os atacantes", afirmou o OSDH, sem indicar um número preciso de vítimas.

O Exército, apoiado por milícias pró-regime, atacou o centro de Homs, onde os rebeldes estão entrincheirados.

Esta cidade é chamada pelos rebeldes de a "capital da revolução", porque foi em Homs, que possuía 800.000 habitantes antes do conflito, que o levante contra o regime de Bashar al-Assad foi mais intenso antes do exército retomar o controle de cerca de 80% da aglomeração.

O secretário de Estado americano, John Kerry, prometeu continuar a reforçar a oposição síria sem armas, mas deixou implícito seu aval para o fornecimento de armas aos rebeldes "moderados" pelos países do Golfo.

"Os Estados Unidos se comprometem a continuar a trabalhar (...) para reforçar a oposição síria", declarou Kerry durante uma coletiva de imprensa conjunta com seu homólogo saudita, o príncipe Saud Al-Fayçal.

Mas o secretário de Estado, cuja administração rejeita armar os rebeldes sírios, reiterou que não poderia garantir "que uma arma ou outra caísse em mãos ruins".

Contudo, ressaltando o fato de que as armas são enviadas aos rebeldes pela Arábia Saudita ou o Qatar, Kerry explicou que a oposição síria tem "agora a capacidade de assegurar" que o que é destinado à "oposição moderada e legítima chegue efetivamente" a essas mãos.

Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, aliado de Damasco, e o presidente francês, François Hollande, discutiram uma cooperação entre os dois países sobre a Síria, em uma reunião por telefone.

Após o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal força da oposição, os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que reúnem militantes anti-regime, acusaram seu vizinho Iraque e o Hezbollah libanês "de ajudar diretamente as tropas do regime Assad", "bombardeando posições da rebelião" próximas às fronteias iraquiana e libanesa.

Ao menos 42 soldados sírios foram mortos nesta segunda-feira em uma emboscada montada por homens armados contra o comboio em que estavam no Iraque, para onde tentavam fugir dos violentos combates dos últimos dias no lado sírio da fronteira, indicaram oficiais iraquianos.

Sete iraquianos também morreram na emboscada.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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