PUBLICIDADE

Oriente Médio

Rebeldes sírios anunciam trégua à espera de encontrar monitores

30 dez 2011 - 10h22
(atualizado às 10h32)
Compartilhar

O Exército Livre Sírio, grupo armado de oposição ao governo, ordenou que suas forças interrompam as ações ofensivas, à espera de uma reunião com a delegação da Liga Árabe que monitora o compromisso do presidente Bashar al-Assad com um plano de paz para o país, disse o comandante dos rebeldes na sexta-feira.

O coronel Riad al Assad disse que suas forças por enquanto não puderam conversar com os monitores, e que ele está buscando um contato urgente. A delegação estrangeira chegou na semana passada à Síria, para uma missão de um mês.

"Emiti uma ordem para parar todas as operações a partir do dia em que o comitê entrou na Síria, na sexta-feira passada. Todas as operações contra o regime devem ser interrompidas, exceto numa situação de autodefesa", disse ele à Reuters.

"Tentamos nos comunicar com eles (monitores) e solicitamos uma reunião com a equipe. Até agora, não houve sucesso. Não recebemos nenhum número (telefônico) dos monitores, o que havíamos solicitado. Ninguém nos contatou tampouco."

O coronel Assad está baseado na Turquia, e não está claro até que ponto suas ordens são atendidas pelos rebeldes. Um vídeo gravado nesta semana por rebeldes mostrou uma emboscada contra um comboio de ônibus do Exército oficial da Síria, resultando, segundo ativistas, na morte de quatro soldados.

O presidente sírio, Bashar al Assad, aceitou recentemente um plano de paz da Liga Árabe destinado a acabar com a violência na Síria. A ONU estima que mais de 5 mil pessoas já morreram desde março, a maioria na repressão a protestos pacíficos pela democratização do país.

O plano da Liga Árabe prevê a retirada das Forças Armadas das cidades onde há protestos, a libertação de presos políticos e o início de um diálogo com a oposição.

A missão regional de monitoramento tem despertado ceticismo, por causa da sua dimensão limitada, da sua composição e do fato de depender da logística do governo sírio. O desconforto da oposição com a missão se agravou depois de uma declaração do chefe dos monitores, um general sudanês, que disse ter tido uma primeira impressão "tranquilizadora".

O general sudanês Mustafa al Dabi, acusado por alguns de ligação com crimes de guerra ocorridos na década de 1990 na região de Darfur, fez na terça-feira uma rápida visita à cidade de Homs, epicentro dos confrontos, e disse não ter visto "nada de assustador".

Vídeos gravados por ativistas em Homs nos últimos meses mostram o rastro de morte e destruição deixado pela repressão militar, e ativistas dizem que centenas de pessoas morreram na cidade nos últimos meses.

Não é possível verificar de forma independente esses relatos, uma vez que o governo sírio expulsou a maior parte dos correspondentes estrangeiros do país.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que funciona em Londres e é ligado à oposição, relatou que houve novos protestos na sexta-feira em vários pontos do país, inclusive uma manifestação com 70 mil pessoas em Douma, subúrbio de Damasco, onde os monitores estavam presentes. Foram relatadas também manifestações a favor do presidente Assad.

O Observatório disse também que as forças sírias mataram quatro pessoas, inclusive dois desertores, numa emboscada em Talkalakh, perto da fronteira com o Líbano.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade