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Oriente Médio

Rebeldes atacam Baba Amr e instauram poder islâmico no leste da Síria

10 mar 2013 - 16h49
(atualizado às 17h22)
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Os rebeldes sírios surpreenderam neste domingo o Exército do regime ao atacar o bairro de Baba Amr, um de seus antigos redutos na cidade de Homs (centro), enquanto insurgentes islamitas afirmavam seu controle sobre o leste do país criando um conselho local.

Na Turquia, o alto comissário da ONU para os Refugiados, o português Antônio Guterres, alertou que o número de refugiados sírios, que há um ano era estimado em 33.000 e agora em um milhão de pessoas, pode duplicar ou triplicar até o final de 2013 caso não seja encontrada uma solução para o conflito.

"Se a escalada continuar e nada for feito para solucionar o problema, no fim do ano podemos ver um número muito mais elevado de refugiados: duas ou três vezes mais do que atualmente", disse Guterres em Ancara.

Os rebeldes lançaram ao amanhecer um ataque surpresa sobre Baba Amr, um ano após o Exército ter retomado o controle deste bairro simbólico, depois de mais de um mês de intensos bombardeios que deixaram centenas de mortos, anunciou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

"Encontram-se atualmente na área do bairro", disse à AFP Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH, uma ONG com sede na Grã-Bretanha que obtém suas informações a partir de uma ampla rede de militantes e médicos no local.

"Os revolucionários se infiltraram durante a noite em Baba Amr. Os postos de controle do Exército tiveram tempo apenas de compreender o que acontecia", afirmou Omar, um militante em contato com os combatentes no local que disse que ao meio-dia o Exército concentrava reforços nos arredores de Baba Amr.

A aviação do governo respondeu com ataques a Baba Amr, enquanto as forças terrestres mantinham "completamente cercada" a cidade de Homs.

As tropas governamentais retomaram no dia 1º de março de 2012 o bairro de Baba Amr, símbolo da revolta, arrasado pelas bombas. O presidente Bashar al-Assad chegou a visitar este bairro no dia 27 de março para anunciar um retorno à normalidade na região.

Cerca de 80% da cidade de Homs, apelidada de "capital da Revolução", está atualmente controlada pelo Exército, que há vários dias realizava uma violenta ofensiva para recuperar enclaves rebeldes, em especial Jaldiya, no norte da cidade, e a região antiga de Homs, ambas bombardeadas por helicópteros.

Em um vídeo divulgado neste domingo, um jovem combatente cercado de seus companheiros de armas lê um comunicado anunciando "a batalha da grande vitória para libertar os bairros violados [controlados pelo Exército], em particular Baba Amr".

No leste do país, a Frente Al-Nusra e outros grupos islamitas da rebelião que controlam uma grande parte desta região rica em hidrocarbonetos anunciaram a criação de um conselho local encarregado de gerir os assuntos correntes, segundo um comunicado transmitido pelo OSDH.

"Deus ordenou aos batalhões islâmicos que formem o Conselho Religioso na região do leste para administrar os assuntos da população e preencher o vazio de segurança", segundo este comunicado.

O Conselho se encarregará da justiça, da polícia, dos auxílios e dos serviços, explica o texto.

Um vídeo divulgado pelo OSDH mostra um grupo de rebeldes pendurando um cartaz que diz "Conselho Religioso da Região do Leste" em um edifício da cidade de Mayadeen.

A Frente Al-Nusra, desconhecida antes do início da rebelião síria, teve uma ascensão meteórica a partir de maio de 2012, e afirma publicamente que seu objetivo é instaurar um Estado islâmico no país.

Ela tem por objetivo os pontos estratégicos, em particular os enclaves gasíferos e petrolíferos, e atrai combatentes locais mediante o pagamento de um salário.

A Coalizão Opositora síria, que tenta implementar uma instância executiva para administrar os territórios controlados pelos rebeles, principalmente no leste e no norte do país, novamente adiou uma reunião que estava prevista para ser realizada na Turquia para designar um chefe para o governo provisório.

A reunião estava prevista para terça-feira, mas foi postergada devido a "profundos desacordos", inclusive sobre as necessidades deste governo interino, disse à AFP um integrante da coalizão, Samir Nachar, indicando que a reunião pode ser realizada na segunda metade de março.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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