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Oriente Médio

Putin e a Segunda Guerra Mundial: uma herança familiar e política

8 mai 2015 - 09h21
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Vladimir Putin faz uma interpretação pessoal e ambígua sobre a Segunda Guerra Mundial, baseada em lembranças familiares e em sua visão de Stalin, o dirigente que conduziu a URSS para a vitória, ainda que reconheça que ele foi um "tirano".

Desde sua estreia no cenário político, em 1999, o presidente russo se expressou em várias ocasiões, em sua biografia oficial e em entrevistas na mídia, sobre a "Grande Guerra Patriótica": desde a vivência de seu pai na antiga KGB até os pactos firmados entre Josef Stalin e Hitler antes do conflito.

Nascido em 1952, o presidente russo não viveu a guerra. O que sabe dela, aprendeu com o que seu pais contavam quando "os amigos e parentes vinham jantar em casa" e pelos arquivos do Estado.

Seu avô, Spiridon Putin, foi cozinheiro na Dacha, casa de campo de um funcionário do Partido Comunista. Sua mãe sobreviveu aos terríveis 900 dias do cerco de Leningrado. Seu irmão, Viktor, morreu de difteria na cidade sitiada.

Seu pai, que também se chamava Vladimir, pertenceu a uma unidade de sabotagem do NKVD, a antiga KGB. Foi hospitalizado durante vários dias graças a um ferimento causado por uma granada na antiga capital imperial. Quando saiu do hospital, encontrou sua esposa à beira da morte por inanição.

Em agosto de 1939, Berlim e Moscou assinaram um tratado de não-agressão que incluía um plano para organizar a divisão da Polônia entre a URSS e a Alemanha e a anexação dos países bálticos pelas tropas soviéticas.

Estes tratados não foram revelados até 1989, no âmbito da perestroika de Mikhail Gorbachov, e ainda hoje explicam a desconfiança da Polônia e dos países bálticos, independentes desde 1991, com Moscou.

Para Putin, Stalin não teve outra opção que assinar esse tratado depois dos acordos de Munique entre Alemanha, França, Reino Unido e Itália.

"Os dirigentes soviéticos tiveram a impressão de que em Munique não se tratava só de fixar a participação da Tchecoslováquia, mas também de isolar a URSS e de promover uma agressão de Hitler para o leste", disse o presidente russo.

Para Putin, Stalin é um "ditador" e um "tirano", mas foi "sob sua direção que o país ganhou a Segunda Guerra Mundial".

Sobre os erros militares de Stalin e o custo humano pago pela guerra, o presidente disse que "é possível culpar o quanto quiser os chefes militares e Stalin, mas quem pode afirmar que seria possível ganhar a guerra de outra forma?".

Por outro lado, sobre o início da Guerra Fria e o nascimento do bloco socialista na Europa central, tem muito claro de quem foi o erro: de Stalin.

"Depois da Segunda Guerra Mundial, tentamos impor nosso próprio modelo nos países do leste europeu, e o fizemos pela força", declarou o presidente russo. "Isso não foi algo bom, temos que reconhecer".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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