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Oriente Médio

Proposta do Quarteto não satisfaz expectativas palestinas

24 set 2011 - 07h26
(atualizado às 13h00)
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Os palestinos consideram insuficiente a proposta do Quarteto de Madri para retomar as negociações de paz no Oriente Médio e deram duas semanas ao Conselho de Segurança para estudar o pedido de admissão da Palestina como membro de pleno direito na ONU.

"Não satisfez as expectativas (palestinas)", manifestou neste sábado o ministro das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Riad al-Maliki, em conversa a partir de Nova York com a emissora "Voice of Palestine", ao lembrar que esta não menciona as fronteiras de 1967 nem a construção nos assentamentos judaicos, informa a agência oficial palestina Wafa.

Na sexta-feira, depois dos discursos do presidente Mahmoud Abbas e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, diante da Assembleia Geral, o Quarteto de Madri (Estados Unidos, a União Europeia, a ONU e Rússia) pede a retomada das negociações diretas em um mês e alcancem um acordo de paz definitivo em 2012.

"Em um mês haverá uma reunião preparatória entre as partes para fixar a agenda e o método da negociação", com o objetivo de que "se comprometam a alcançar um acordo até o fim de 2012", segundo o Quarteto.

A intenção é resolver a encruzilhada diplomática em que se veriam envolvidos os EUA e alguns membros da União Europeia se o pedido de admissão à ONU que foi entregue na sexta-feira por Abbas chegar à fase de votação no Conselho de Segurança.

"Esperamos o retorno de palestinos e israelenses à mesa de negociações nas próximas semanas. Em três meses queremos ver progressos significativos na matéria de fronteiras e segurança, e em seis meses uma aproximação global para que depois possa alcançar o acordo final", declarou à imprensa a alta responsável da Política Externa da UE, Catherine Ashton.

Para Maliki, a única novidade na declaração do Quarteto é o "calendário" para alcançar um acordo em assuntos de segurança e fronteiras, mas a resposta corresponde às instituições palestinas, que deverão reunir-se uma vez ocorra o retorno do presidente da ANP neste domingo a Ramala.

"Quando Abbas retornar ele falará da proposta com a liderança palestina", detalhou Hanan Ashrawi, veterana política e integrante do Comitê Executivo da OLP, em declarações ao jornal israelense "Yedioth Ahronoth".

Ashrawi afirmou: nós palestinos "não fecharemos nenhuma porta, mas vamos responder a proposta a partir de Ramala". A proposta internacional não cita condições prévias ao início de negociações, embora a postura oficial palestina seja de retomar o diálogo se Israel aceitar como base as fronteiras de 1967 e suspender a construção nos assentamentos.

Israel exige que os palestinos reconheçam o "Estado judeu". Ashrawi comentou que a partir de seu ponto de vista "o Estado israelense pode ser judeu, cristão ou budista".

Fontes da OLP indicaram a Efe que Abbas voltará pela Jordânia, onde costuma fazer suas escalas devido ao fato de não haver aeroporto na Cisjordânia, e que na sua chegada será recebido com ovação após o discurso histórico na ONU.

O pedido entregue nesta sexta-feira ao secretário-geral Ban Ki-moon contra a posição dos EUA, Israel e alguns membros da UE, começará a ser estudado pelo Conselho de Segurança na segunda-feira, adiantou o chefe da diplomacia palestina.

Para poder avançar, o pedido precisa de nove dos 15 votos do Conselho, e os diplomatas palestinos tentam conquistar o apoio de Gabão, Nigéria e Bósnia-Herzegovina para que se somem ao bloco favorável a admissão.

No outro lado, os EUA tentam conseguir os sete votos necessários para bloquear o pedido sem que precisem exercer seu direito ao veto, pelas implicações que isso teria para a política externa no mundo árabe e como mediador no conflito do Oriente Médio.

Em declarações à agência palestina "Maan", Azzam Al Ahmed, membro do partido Fatah, coluna vertebral da OLP, deu ao Conselho duas semanas de prazo para submeter a votação o pedido, embora não descreveu as possíveis alternativas.

Yasser Abed Rabbo, do Comitê Executivo da OLP, advertiu que os palestinos não vão tolerar atrasos nem demoras premeditadas.

No meio da intensa atividade diplomática e política ao redor das Nações Unidas, a situação na Cisjordânia foi diminuindo após as manifestações de apoio a Abbas e os confrontos na sexta-feira entre palestinos, de um lado, e colonos e o Exército, do outro, que deixaram um palestino morto e muitos feridos.

Neste sábado foi informado sobre dois incidentes armados sem mortos, o primeiro quando soldados israelenses de uma reserva abriram fogo ao leste de Belém contra veículo palestino, que tombou em consequência dos disparos.

No segundo incidente, colonos dispararam contra pastores próximos da aldeia do distrito de Belém.

EFE   
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