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Oriente Médio

Primeiro-ministro japonês não manifesta pesar no aniversário da rendição

15 ago 2013 - 06h25
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O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, não manifestou nenhum pesar a Ásia pelo sofrimento infligido pelo Japão na II Guerra Mundial, no discurso por ocasião do 68º aniversário da rendição nipônica nesta quinta-feira, rompendo assim uma tradição.

Em um breve discurso pronunciado em Tóquio na presença do imperador Akihito e da imperatriz Michiko, Abe se limitou a prestar homenagem às vítimas do conflito e desejar a paz.

"Nunca esquecerei que a paz e a prosperidade que temos atualmente vêm do sacrifício de vossas vidas", disse, em referência aos japoneses mortos na guerra do Pacífico.

"Vamos fazer o que podemos para contribuir à paz no mundo", concluiu.

Os primeiros-ministros do Japão costumam aproveitar esta cerimônia para manifestar pesar pelos abusos cometidos pelos soldados nipônicos durante a ocupação da península da Coreia (de 1910-1945) e de parte d China (1931 a 1945).

Pouco antes do discurso, ministros do gabinete de Abe visitaram o santuário Yasukuni, em Tóquio, que é visto pelos países vizinhos como um símbolo do passado militarista japonês.

O ministro do Interior e das Comunicações, Yoshitaka Shindo, e o presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública, Keiji Furuya, rezaram no santuário.

"O consolo às almas das vítimas de guerra é um assunto puramente nacional. Os outros países não devem criticar nem interferir", disse Furuya, em referência às críticas habituais da China e da Coreia do Sul a este tipo de visitas.

Quase 90 parlamentares também visitaram o santuário.

Abe, no entanto, não compareceu ao local, mas depositou um ramo de uma árvore sagrada por meio de um colaborador.

Situado no coração de Tóquio, o santuário Yasukuni presta homenagem aos cerca de 2,5 milhões de soldados japoneses mortos nas guerras modernas, entre eles 14 militares condenados por crimes de guerra pelos Aliados após a II Guerra Mundial, que foram inscritos no templo em 1978.

Entre eles figura o general Hideki Tojo, primeiro-ministro do Japão durante o ataque a Pearl Harbor, no dia 7 de dezembro de 1941, que provocou a entrada dos Estados Unidos na guerra.

Militantes de extrema-direita também visitaram o tempolom que estava protegido por centenas de policiais.

Os japoneses também visitaram o local com suas famílias, especialmente os parentes dos soldados mortos na II Guerra Mundial, que em sua maioria se declaram pacifistas.

Desde que retornou ao poder em dezembro, Abe aumentou o orçamento militar e advertiu que deseja reformar a Constituição pacifista imposta pela ocupação americana após a rendição de 1945, o que provoca temores na região.

As relações do Japão com seus vizinhos seguem marcadas pela lembrança das atrocidades perpetradas pelas tropas imperiais durante a colonização da Península coreana (1910-1945) e a ocupação parcial da China (1931-1945).

O aniversário da rendição nipônica coincide este ano com uma relação particularmente tensa entre Japão e China, em consequência da nacionalização em setembro do ano passado de parte das ilhas Senkaku no Mar da China oriental.

A China, que chama as pequenas ilhas desabitadas de Diaoyu, reivindica sua soberania.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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