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Oriente Médio

Presidente sírio diz que Europa pagará caro se fornecer armas aos rebeldes

17 jun 2013 - 13h52
(atualizado às 14h18)
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O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou em uma entrevista a um jornal alemão que a Europa pagará muito caro por um possível fornecimento de armas aos rebeldes sírios, no momento em que começa na Irlanda do Norte a reunião do G8 que deve debater o conflito sírio.

"Se os europeus fornecerem armas, o quintal da Europa será (terreno fértil) para o terrorismo e a Europa pagará muito caro", declarou o ditador sírio em uma entrevista concedida ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), segundo um trecho divulgado nesta segunda-feira.

A consequência de facilitar armas seria exportar o terrorismo para a Europa, segundo Assad.

"Virão terroristas (à Europa) com uma experiência de combate e uma ideologia extremista", prosseguiu o presidente.

"O terrorismo significa o caos e o caos leva à pobreza. E a pobreza significa que a Europa perde um mercado importante", disse, assegurando que "a Europa, querendo ou não, não tem outra escolha a não ser cooperar com o Estado sírio".

Bashar al-Assad negou ainda que o Exército sírio tenha utilizado armas químicas contra os rebeldes, como afirmam vários países ocidentais.

"Se Paris, Londres e Washington tivessem uma só prova de suas alegações, teriam apresentado abertamente", afirmou.

"Tudo o que tem sido dito sobre o uso de armas químicas é mentira sobre a Síria. É uma tentativa de justificar uma ingerência militar maior", acrescentou o presidente sírio.

A Casa Branca endureceu a posição em relação ao regime sírio na semana passada e acusou Damasco pela primeira vez de ter utilizado armas químicas, principalmente o gás sarin, na guerra contra os rebeldes.

Segundo Washington, entre 100 e 150 pessoas morreram em ataques químicos em um ano. Sobre isso, Assad respondeu: "De um ponto de vista militar, as armas convencionais podem matar em apenas um dia um número muito maior" do que essas 100 ou 150 pessoas.

"É irracional empregar armas químicas para matar um número de pessoas que podem ser mortas por armas convencionais", argumentou.

Bashar al-Assad criticou principalmente a França e a Grã-Bretanha que, "com as Nações Unidas, procuram lacaios e fantoches que agem por seus interesses".

"Sempre fomos independentes e livres. A França e a Grã-Bretanha são historicamente potencias coloniais. Elas não esqueceram verdadeiramente este passado", segundo ele.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Faisal Meqdad, também declarou nesta segunda-feira que querer armas os rebeldes é "chamar a morte".

Durante a cúpula do G8, os países ocidentais querem tentar garantir concessões sobre a Síria por parte do presidente russo, Vladimir Putin, mais determinado do que nunca a prosseguir com o seu apoio ao regime de Damasco.

As forças do regime sírio, apoiadas pelo movimento xiita libanês do Hezbollah, reconquistaram em 5 de junho o controle da cidade estratégica rebelde de Qousseir, na província central de Homs.

Na semana passada, o chefe da diplomacia francesa Laurent Fabius lamentou a progressão no terreno das tropas do regime, considerando que "se o equilíbrio de forças no terreno não for restabelecido" em favor dos rebeldes, a conferência de paz Genebra-2 estará comprometida.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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