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Oriente Médio

Presidente sírio diz estar 'certo da vitória' ante os rebeldes

1 ago 2013 - 14h16
(atualizado às 14h17)
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O presidente sírio, Bashar al-Assad, encorajado pelo avanço de suas tropas em duas frentes rebeldes, disse nesta quinta-feira estar certo da vitória na guerra civil que atinge a Síria, e, pela primeira vez em mais de dois anos, deixou a capital para visitar a cidade de Daraya, ex-reduto insurgente.

No terreno, quarenta pessoas morreram nesta quinta em Homs (centro), na explosão de um depósito de munições pertencente às milícias favoráveis ao regime de Assad depois de disparos de rebeldes, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O depósito pertence à força de defesa nacional, milícia favorável ao regime.

Esta explosão ocorre após a conquista na segunda-feira por parte do exército do bairro chave de Khaldiyé, na cidade de Homs, um dos símbolos da revolta contra o regime.

"Se na Síria não estivéssemos certos da vitória, não teríamos a capacidade de resistir e não teríamos podido prosseguir (a batalha) após mais de dois anos de agressão", indicou o chefe de Estado em uma mensagem dirigida aos militares por ocasião da festa do exército.

Logo depois destas declarações, a rede de televisão estatal anunciou que Assad visitou Daraya, um ex-bastião rebelde próximo à capital Damasco.

Um líder da oposição síria, Burhan Ghaliun, denunciou as declarações de Assad.

"É nojento e repugnante que ele (Assad) fale de vitória após ter, durante dois anos e meio, destruído o seu país, matado dezenas de milhares de habitantes e expulsado para o exílio a metade da população", declarou à AFP.

Desde o início do conflito na Síria, há mais de dois anos, Assad saiu poucas vezes da capital.

"O presidente Assad inspeciona neste momento uma unidade de nossas forças armadas em Daraya, em função de uma festa do exército", indicou a televisão estatal, que não difundiu imagens.

O conflito sírio, no qual morreram mais de 100.000 pessoas, segundo a ONU, se estende há mais de dois anos entre as tropas do regime - dotadas de uma poderosa aviação e apoiadas há meses pelo Hezbollah libanês - e os rebeldes menos equipados, classificados por Damasco de "terroristas apoiados pelo exterior.

"Minha fé em vocês é grande e tenho confiança em sua capacidade (...) para desenvolver sua missão nacional", disse Assad ao se dirigir aos soldados por ocasião do 68º aniversário da criação do Exército da Síria, após o fim do mandato francês.

"Vocês demonstraram uma valentia excepcional na batalha contra o terrorismo e deixaram o mundo impressionado por sua resistência (...) ao enfrentar a guerra mais brutal e feroz da história moderna", disse o presidente.

O regime consolida sua presença na província central de Homs e tenta retomar territórios no norte do país, entre eles na região de Aleppo.

Segundo os especialistas, os beligerantes tentam dividir a Síria antes de uma conferência de paz internacional, chamada de "Genebra 2", proposta por Rússia e Estados Unidos, mas cuja realização parece difícil devido às grandes divergências sobre seu objetivo e seus participantes.

Em Homs, o bairro de Wadi al-Zahab foi atingido por foguetes rebeldes, que provavelmente provocaram a explosão do depósito de munições.

Um vídeo divulgado por militantes mostra uma enorme bola de fogo que se projeta contra o céu sobre a cidade de Homs no momento da explosão.

No noroeste do país, quase 200 civis curdos continuam como reféns de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda.

No norte, onde os rebeldes retomaram há uma semana a localidade estratégica de Khan al-Assal, a oeste de Aleppo, o exército tentava recuperar espaço ao dominar a região de Rachdiye, a leste desta cidade, a segunda da Síria, segundo o Observatório.

"As tropas tomaram de assalto a localidade e incendiaram as casas", indicou a ONG, que se baseia em uma ampla rede de fontes civis, médicas e militares.

Foi em Khan al-Assal que o regime e a oposição se acusaram mutuamente de terem utilizado armas químicas em março.

Na quarta-feira, a ONU anunciou que integrantes da organização irão à Síria para investigar simultaneamente três locais nos quais há suspeitas de uso destas armas.

Dois enviados especiais da ONU a Damasco, entre eles o sueco Ake Sellstrom, conseguiram alcançar na semana passada um acordo sobre este tema com o regime e, segundo o diplomata, a missão pode viajar à Síria a partir da próxima semana.

Até agora Damasco havia bloqueado todos os pedidos de investigação da ONU.

Segundo o porta-voz, os investigadores viajarão a Khan al-Assal, a Otayaba (perto de Damasco) e a Homs, onde ocorreu um ataque suspeito no dia 23 de dezembro.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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