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Oriente Médio

Presidente iraniano presta juramento e prega diálogo

4 ago 2013 - 12h58
(atualizado às 13h34)
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O presidente iraniano moderado, Hassan Rohani, enviou um recado neste domingo aos países ocidentais de que a única solução é o diálogo, e não as sanções, durante seu discurso no Parlamento depois de ter prestado juramento.

Durante sua posse oficial no sábado, esse clérigo moderado de 64 anos havia prometido agir pela suspensão de sanções "injustas", impostas pelos ocidentais em razão do polêmico programa nuclear de Teerã e que estrangulam a economia do país.

O sétimo presidente da República do Irã apresentou a lista de seu governo, que inclui em sua maioria tecnocratas que já serviram aos governos do ex-presidente moderado Akbar Hachemi Rafsandjani (1989-1997) e do ex-presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005).

O presidente do Parlamento, Ali Larijani, afirmou que o voto de confiança levará uma semana.

"Não se pode fazer o povo iraniano ceder (em seus direitos nucleares) com sanções e ameaças de guerra", declarou Rohani durante seu discurso diante do Parlamento, declarou Rohani após o seu juramento durante em um discurso diante do Parlamento.

"A única solução de interação com o Irã é o diálogo em pé de igualdade, o respeito mútuo para reduzir as hostilidades", acrescentou.

"Se você quiser uma resposta apropriada, utilize mais a linguagem do respeito do que a das sanções", insistiu.

A Casa Branca reagiu, afirmando que os Estados Unidos serão "um sócio disposto" na questão nuclear se o novo governo iraniano "se comprometer de forma substancial e séria a respeitar suas obrigações internacionais".

"Eu declaro claramente que nunca buscamos a guerra com o mundo", disse ainda Rohani, referindo-se principalmente aos temores manifestados por Israel de que o Irã possa utilizar uma eventual bomba atômica contra o Estado hebraico, seu grande inimigo.

Os países ocidentais e Israel suspeitam que Teerã tente produzir a arma nuclear sob o pretexto de um programa civil, algo que a República Islâmica nega categoricamente.

Rohani também tentou acalmar as monarquias árabes do Golfo que acusam Teerã de ingerência em seus assuntos internos.

"O Irã busca a paz e a estabilidade na região", e se opõe a "qualquer mudança de regimes políticos ou de fronteiras à força ou por meio de intervenções externas", disse.

O novo presidente é fiel ao aiatolá Khamenei, verdadeiro líder do país. Desde 1989, ele é um dos dois representantes do guia supremo no Conselho Supremo de Segurança Nacional (CSSN), que toma as grandes decisões do país.

Rohani liderou as negociações nucleares com a troica (França, Reino Unido e Alemanha) entre 2003 e 2005. Ele chegou a aceitar a suspender o enriquecimento de urânio e autorizar um controle maior do programa nuclear do país.

Na lista do governo que ele apresentou está o ex-embaixador do Irã na ONU (2002-2007), Mohammad Javad Zarif, que assumirá a pasta das Relações Exteriores. Personalidade moderada, ele desempenhará um papel ativo nas negociações nucleares.

Bijan Namdar Zanganeh, um ex-ministro do Petróleo durante a Presidência de Mohammad Khatami, retomará esse posto. Ele manteve boas relações com os outros parceiros do Irã na Opep.

Rohani nomeou como seu chefe de gabinete Mohammad Nahavandian, presidente da Câmara de Comércio e da Indústria.

Dono de um doutorado em Economia da Universidade George Washington (Estados Unidos), ele deve desempenhar um papel de proeminente, principalmente para coordenar as decisões econômicas.

Pela primeira vez, autoridades estrangeiras foram convidadas para comparecer à cerimônia de juramento, incluindo cerca de dez presidentes, principalmente os de Afeganistão, Paquistão e Líbano.

Mas o presidente sudanês Omar al-Bashir, que também era aguardado, teve que retornar ao seu país depois que seu avião teve negada a autorização para entrar no espaço aéreo da Arábia Saudita, segundo Cartum.

Bashir é alvo de uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por genocídio em Darfur (oeste do Sudão).

Uma das presenças mais ilustres na cerimônia foi a de Javier Solana, ex-chefe da diplomacia europeia que participou das negociações nucleares com o Irã.

Em uma entrevista concedida ao jornal reformista Shargh, Solana afirmou que é "possível" chegar a um acordo com Rohani sobre a questão nuclear, classificando o político como "clarividente e visionário".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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