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Oriente Médio

Presidente do Equador conversa com vice dos EUA sobre o caso Snowden

29 jun 2013 - 16h07
(atualizado às 16h34)
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O presidente do Equador, Rafael Correa, revelou neste sábado que conversou com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pediu a ele que rejeite o pedido de asilo do foragido americano Edward Snowden.

"Falamos do tema Snowden e ele me transmitiu o pedido muito cortês dos Estados Unidos de, por favor, rejeitar o pedido de asilo", afirmou Correa em seu relatório de trabalho semanal, assinalando que a conversa por telefone ocorreu na manhã de sexta-feira.

"Eu disse a ele: 'vice-presidente, grato por sua ligação, apreciamos muito os Estados Unidos, não buscamos esta situação. Não nos tome como se fôssemos antiamericanos, que é o que tenta posicionar certa imprensa de má fé'", acrescentou o presidente de esquerda.

Correa indicou ter explicado a Biden que o Equador ainda não pode processar o pedido do ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos porque ele ainda não se encontra em solo equatoriano.

"Quando chegar a solo equatoriano, se é que vai chegar, e se tiver de tramitar esse pedido, claro que os primeiros a terem sua opinião indagada serão os Estados Unidos", afirmou.

Correa assinalou ainda que seguirá o mesmo procedimento feito no caso do fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, a quem Quito concedeu asilo em agosto de 2012. Assange se encontra há um ano na embaixada equatoriana em Londres.

"Como fizemos no caso de Assange, com a Inglaterra, vamos ouvir a todos, mas a decisão será tomada por nós, soberanamente. Mas, claro que, por carinho e respeito aos Estados Unidos, vamos levar em conta o que este país tem a dizer", enfatizou.

Rafael Correa também anunciou que punirá seu cônsul em Londres por ter dado um salvoconduto de refugiado ao ex-agente da inteligência americano sem autorização do governo.

"A verdade é que esse cônsul extrapolou suas funções e terá a sanção do caso", declarou Correa, insistindo que o documento foi expedido sem qualquer autorização e que, por isso, não tem validade.

O presidente tentou explicar a atitude do cônsul Fidel Narváez.

"Em seu desespero - provavelmente em comunicação com (o fundador do WikiLeaks) Julian Assange - de que talvez o senhor Snowden fosse capturado, fez isso sem autorização e obviamente sem conhecimento do governo americano", enfatizou.

Correa negou as versões da imprensa de que ele teria autorizado a entrega do documento.

O canal americano de fala hispânica Univisión postou em seu site esta semana o que seria a cópia e um salvocondfuto que o Equador teria entregue a Snowden.

==== O maior caso de espionagem da história ===

Por outro lado, Correa destacou que Snowden revelou o maior caso de espionagem da história, por isso acha que os Estados Unidos devem uma explicação, e também criticou o fato de que o centro da polêmica não seja esta questão e sim sua decisão de estudar o pedido de asilo do fugitivo americano.

"O que realmente é grave é o que Snowden denunciou, a maior espionagem em massa da história da humanidade, dentro e fora dos Estados Unidos", afirmou o presidente em seu relatório.

"Os países soberanos, os que, na verdade, estão comprometidos com os direitos humanos, entre eles o direito à intimidade das pessoas, temos que alçar nossa voz de protesto e pedir explicações", acrescentou.

Correa questionou que, apesar disso, para alguns meios de comunicação isso não é tão grave e o importante é capturar Snowden e destruir midiaticamente o governo ou país que decidir atender ao pedido de asilo a ele.

"É terrível ver como estão alterando os valores e o poder dessa arma letal que se chama poder midiático corrompido. Nem todo meio de comunicação é corrupto, mas... caramba... os meios de comunicação do imperialismo, sim, são corruptos, principalmente quando se trata de defender o sistema", assinalou.

Snowden, que se encontra desde domingo passado na zona de trânsito do aeroporto internacional de Moscou, pediu asilo político ao governo equatoriano, que se diz disposto a concedê-lo assim que o ex-analista de informática se encontrar em território equatoriano.

O ex-funcionário de uma empresa que prestava serviços para a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos é acusado de espionagem em seu país por ter revelado programas secretos de vigilância das comunicações do governo de Barack Obama.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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