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Oriente Médio

Presidente de Mianmar faz visita histórica à Casa Branca nesta segunda

19 mai 2013 - 18h10
(atualizado às 18h18)
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O presidente de Mianmar, Thein Sein, se tornará na segunda-feira o primeiro líder do país a visitar a Casa Branca em quase meio século, um dos sinais mais simbólicos do apoio dos Estados Unidos às reformas o governo da antiga Birmânia vem adotando.

Em um cenário que seria inimaginável alguns anos atrás, o ex-general se reunirá com o presidente americano, Barack Obama, e posteriormente falará com líderes de empresas americanas dispostos a investir em um país que durante muito tempo foi um pária para o Ocidente.

Críticos afirmam que o convite de Obama foi prematuro e tira pressão de Mianmar sobre as desejadas respostas a abusos alarmantes, como a recente violência antimuçulmana para a qual as forças de segurança supostamente teriam feito vista grossa.

Thein Sein, que assumiu o comando do país como civil em 2011, surpreendeu até os céticos ao libertar centenas de presos políticos, aliviar a censura e permitir à líder oposicionista, Aung San Kyi, em longa prisão domiciliar, entrar no Parlamento.

O presidente americano tem se mostrado entusiasmado sobre Mianmar. Em novembro, ele visitou o país e suspendeu a maior parte das sanções em sinal de reconhecimento às mudanças.

A Casa Branca informou em um comunicado que a visita de Thein Sein "reforça o compromisso do presidente Obama de apoiar e auxiliar aqueles governos que tomam a importante decisão de adotar reformas".

Zaw Htay, diretor do gabinete de Thein Sein, saudou o apoio americano e repudiou os temores de que o país vá recuar. Mianmar libertou outros 20 prisioneiros políticos na semana passada, embora ativistas afirmem que cerca de 200 mais continuem na prisão.

"A Primavera de Mianmar é mais concreta do que a Primavera Árabe. Esta primavera representa os valores que os Estados Unidos vem promovendo ao redor do mundo", declarou à AFP.

O momento mais crítico será em 2015, quando Mianmar tem previsto celebrar eleições, um teste para verificar se os militares e seus aliados estariam dispostos a ceder o poder, potencialmente a Suu Kyi.

O Exército assumiu o comando do país, na época conhecido como Birmânia, em 1962, ao que se seguiram décadas de isolamento. O dirigente militar Ne Win foi, em 1966, o último líder a visitar a Casa Branca, onde se reuniu com o presidente Lyndon Johnson.

Muitos especialistas acreditam que a motivação principal para as reformas em Mianmar é aliviar sua dependência da vizinha China, que desenvolveu uma influência esmagadora em país orgulhosamente independente, tendo como pano de fundo sanções americanas e europeias.

Os Estados Unidos tem avançado em novos esforços para demonstrar benefícios tangíveis para o caminho da reforma.

Em um movimento há muito buscado por seus dirigentes, os Estados Unidos se referem cada vez mais ao país como Mianmar, enquanto oficialmente apoia o nome Birmânia, preferido pelos grupos em exílio.

Nas últimas semanas, os Estados Unidos deram um fim a vastas restrições a vistos e o alto encarregado comercial Demetrios Marantis visitou Mianmar para dar início a discussões sobre medidas econômicas, tais como oferecer acesso isento de tarifas a alguns produtos.

Mas em um sinal prévio à visita de Thein Sein, o representante democrata por Nova York Joe Crowley, que tem sido ativo sobre a questão de Mianmar, introduziu uma legislação para estender por um ano a proibição sobre as pedras preciosas do país, importante fonte de renda para os militares.

Crowley disse estar "muito preocupado" com as violações aos direitos humanos em Mianmar, inclusive os "ataques brutais" nos últimos meses contra a minoria muçulmana.

Um relatório da organização humanitária Human Rights Watch, divulgado recentemente, acusou Mianmar de fazer uma "campanha de limpeza étnica" contra os Rohingya, integrantes de uma minoria predominantemente muçulmana que sequer são considerados cidadãos do país, de maioria budista.

Ativistas do grupo Campaign for Burma, que planeja protestos contra Thein Sein, informaram que os Estados Unidos deveriam ter recuado ou pelo menos congelado as medidas como condição de deter o abuso contra os Rohingya.

"O presidente Obama está enviando a mensagem de que crimes contra a humanidade praticados por forças do Estado contra minorias étnicas e religiosas serão ignorados por sua administração", afirmou Jennifer Quigley, diretora-executiva do grupo.

Autoridades do governo argumentam que Thein Sein tem feito esforços sinceros para responder a violência étnica e religiosa, cujas origens afetam seu governo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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