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Oriente Médio

Presidente chinês defende o país como "potência marítima"

8 nov 2012 - 08h07
(atualizado às 08h36)
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O presidente chinês, Hu Jintao, advertiu nesta quinta-feira que a corrupção endêmica que afeta a sociedade chinesa pode ser fatal e fez um apelo por mais democracia, no discurso de abertura do XVIII congresso do Partido Comunista da China (PCC).

Hu Jintao discursa durante a abertura do Congresso do Partido Comunista
Hu Jintao discursa durante a abertura do Congresso do Partido Comunista
Foto: Reuters

Hu Jintao, 69 anos, que deve ceder o posto de secretário-geral do PCC a Xi Jinping, 59 amos, também defendeu que a China vire "uma potência marítima".Em um discurso de 90 minutos para mais de 2 mil delegados do PCC, reunidos em Pequim no solene Palácio do Povo, Hu Jintao ressaltou a importância das reformas políticas, um aspecto no qual o balanço de seu governo é considerado frágil.

"A reforma da estrutura política é uma parte importante das reformas globais da China. Devemos continuar nossos esforços, ativa e prudentemente, para prosseguir na reforma da estrutura política e ampliar a democracia popular", declarou Jintao. "Devemos dar mais importância a melhorar o sistema democrático com o objetivo de garantir que o povo possa ter eleições e decisões democráticas", completou.

Hu Jintao pediu ainda que a China seja transformada em "potência marítima", no momento em que o país e o Japão disputam a soberania de um arquipélago no mar da China oriental. Pequim, que inaugurou o primeiro porta-aviões em setembro, deve "defender resolutamente seus direitos e interesses marítimos", destacou o presidente chinês, que ao fim do congresso deve ser substituído por Xi Jinping.

Após citar os "problemas" que podem afetar a sobrevivência do país, Hu disse que a China deve construir "uma forte defesa nacional e poderosas forças armadas que correspondam ao grau internacional da China". Também disse que Pequim deve avançar na preparação militar em geral e na área tecnológica das forças armadas em particular. De acordo com ele, a tarefa mais importante da China é ser capaz de "ganhar uma guerra local na era da informação".

Hu Jintao advertiu que "a corrupção pode provocar a derrubada do Partido e do Estado". "Se fracassarmos no tratamento correto deste assunto, isto pode ser fatal", disse. A China se viu sacudida este ano por vários escândalos político-financeiros que envolveram as famílias de altos dirigentes, incluindo um membro do bureau político, Bo Xilai, que foi expulso do partido e aguarda julgamento.

Informações da imprensa revelaram as colossais fortunas das famílias de algumas autoridades, incluindo as do primeiro-ministro Wen Jiabao e a do futuro número um do país Xi Jinping.

O Partido Comunista deve garantir que nenhum dirigente chinês abuse de seu poder, completou o atual presidente. "O Partido vai garantir que os dirigentes respeitem a lei em atos e pensamentos", prometeu Hu. "Devemos garantir que todos são iguais perante a lei; nenhuma organização, nenhum indivíduo tem o privilégio de pisotear a Constituição", completou.

A China deve aplicar "um novo modelo de crescimento", afirmou o presidente, no momento em que a segunda economia mundial passa por uma desaceleração."Em resposta às mudanças econômicas no plano nacional e internacional, precisamos acelerar a criação de um novo modelo de crescimento baseado em uma qualidade melhor e em resultados superiores", declarou Jintao. A "década de ouro" de Hu Jintao deu lugar a um crescimento de 7,8%, o menor desde a crise financeira asiática de 1997-98.

A imprensa internacional foi convidada no primeiro dia do congresso, que prosseguirá a portas fechadas até o dia 14, data na qual os sete ou nove membros da nova direção suprema da China devem fazer uma breve aparição para as câmeras de todo o mundo. Na ocasião, Xi Jinping, secretário-geral do PCC, assumirá de fato o posto de presidente da República, uma formalidade prevista para março de 2013. Ele já era vice-presidente do país.

Xi deve governar uma China em plena mutação, com uma economia quase capitalista afetada pela crise financeira europeia e uma população ávida por reformas políticas e transparência, sobretudo a respeito da riqueza das autoridades comunistas. Mais de 80% dos chineses que moram nas áreas urbanas desejam mudanças políticas, segundo uma pesquisa divulgada na quarta-feira pela imprensa oficial. E os mais de 500 milhões de internautas do país são bastante críticos, apesar da rígida censura.

No campo dos direitos humanos, Xi Jinping deverá decidir se liberta ou não o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2010, o dissidente Liu Xiaobo. Para isto ele precisará obter o consenso dos pares: a China posterior a Mao e Deng Xiaoping desconfia dos homens fortes. Com o risco de sofrer o imobilismo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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