PUBLICIDADE

Oriente Médio

Presidente argentina pede devolução das Malvinas em carta aberta a Cameron

3 jan 2013 - 12h25
(atualizado às 12h33)
Compartilhar

A presidente argentina, Cristina Kirchner, publicou nesta quinta-feira uma carta aberta na imprensa britânica na qual solicita ao primeiro-ministro David Cameron a devolução das disputadas Ilhas Malvinas e acusa o Reino Unido de "colonialismo".

O governo britânico, em resposta, enfatizou mais uma vez que os habitantes das ilhas "são britânicos por escolha".

Na carta, publicada como anúncio publicitário nos jornais The Guardian e Independent, Kirchner afirma que a Argentina foi "despojada pela força" do arquipélago do Atlântico Sul situado a 14.000 km de Londres "há 180 anos em um exercício descarado de colonialismo do século XIX".

"Desde então, a Grã-Bretanha, a potência colonial, se nega a devolver os territórios à República Argentina, impedindo deste modo o restabelecimento de sua integridade territorial", escreveu no texto destinado ao primeiro-ministro conservador britânico, com cópia para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Kirchner recorda que a ONU decretou em 1960 a necessidade de "acabar com o colonialismo em todas as suas formas e manifestações", além de destacar que a Assembleia Geral da organização aprovou em 1965 uma "resolução na qual considerava as ilhas como um caso de colonialismo e convidava Grã-Bretanha e Argentina a negociar uma solução para a disputa de soberania", seguida por "muitas outras resoluções com este efeito".

"Em nome do povo argentino, reitero nosso convite a que acatemos as resoluções das Nações Unidas", concluiu.

O governo britânico, que sempre se negou a dialogar sobre as ilhas que controla desde 1833, alegando o direito de autodeterminação dos moradores, afirmou em sua resposta à carta da presidente argentina que os habitantes das Malvinas - Falklands para a Inglaterra - "são britânicos por escolha".

Um porta-voz do chefe de Governo conservador reafirmou à imprensa que os moradores das ilhas denominadas oficialmente Falklands "têm um desejo claro de continuar sendo britânicos" e poderão demonstrar no referendo previsto para o início de março.

"O governo argentino deve respeitar seu direito à autodeterminação", afirmou o porta-voz, destacando que Cameron "fará tudo para proteger os interesses" dos moradores da ilha.

"Continuam sendo livres para escolher o próprio futuro, político e econômico, e têm o direito à autodeterminação consagrado na Carta das Nações Unidas", afirmou um porta-voz do Foreign Office (ministério das Relações Exteriores).

"Há três partes neste debate, não apenas duas, como pretende a Argentina. Os moradores da ilha não podem ser apenas apagados da história. Portanto, não podem existir negociações sobre a soberania das Falklands ao menos ou até que os habitantes assim desejarem", completou.

As autoridades das ilhas, que têm atualmente o status de território britânico de ultramar, também rejeitaram as demandas de Kirchner.

"Não somos uma colônia. Nossa relação com o Reino Unido é por escolha", declarou Barry Elsby, um dos oito membros da assembleia legislativa do arquipélago.

"Ao contrário do governo da Argentina, o Reino Unido respeita o direito de nosso povo a determinar nossos próprios assuntos, um direito consagrado na Carta da ONU e que é ignorado pela Argentina", completou.

Os quase 3.000 habitantes das Malvinas, em sua maioria britânicos, votarão em um referendo nos dias 10 e 11 de março para decidir se desejam continuar como território ultramar britânico ou mudar de status.

A Argentina chama o referendo de ilegítimo por considerar os malvinenses uma "população implantada".

O governo de Buenos Aires emite tradicionalmente uma mensagem de reivindicação de soberania sobre as Malvinas a cada 3 de janeiro, dia do aniversário do desembarque das tropas britânicas no arquipélago em 1833.

A disputa entre os dois países provocou uma guerra de 74 dias que terminou com 649 argentinos e 255 britânicos mortos em 1982. Desde então, a Argentina concentra as reinvidicações pela via diplomática.

O 30º aniversário do conflito, em 2012, foi marcado por uma escalada verbal entre Argentina e Grã-Bretanha, além de denúncias argentinas sobre uma "militarização" britânica da região e sobre a exploração de possíveis recursos petroleiros na região.

Em sua recente mensagem de Natal às ilhas, Cameron acusou a Argentina de negar aos malvinenses "o direito à democracia e à autodeterminação", além de "tentar isolá-los, bloquear seu comércio e sufocar as indústrias pesqueira, de combustíveis e turística legítimas".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade