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Oriente Médio

Premiê de Israel suspende proibição de palestinos em ônibus

Líder da oposição israelense defende que medida seria uma "uma humilhação desnecessária" e não tem a ver com segurança

20 mai 2015 - 10h51
(atualizado às 18h29)
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Premiê israelense Benjamin Netanyahu ordenou a suspensão da medida que proibia palestinos de viajarem nos mesmo ônibus que israelenses
Premiê israelense Benjamin Netanyahu ordenou a suspensão da medida que proibia palestinos de viajarem nos mesmo ônibus que israelenses
Foto: Gali Tibbon / Reuters

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou nesta quarta-feira (20) a suspensão da polêmica medida que proibia que os palestinos da Cisjordânia viajassem nos mesmos ônibus que os israelenses.

A proibição - um projeto "piloto" segundo o ministério da Defesa - redigida em nome da segurança deveria entrar em vigor nesta quarta-feira por três meses, e diz respeito a dezenas de milhares de palestinos da Cisjordânia ocupada que entram todos os dias em Israel para trabalhar e tomam em seu retorno para casa os mesmos ônibus que os israelenses.

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Esta disposição, sem precedente desde a ocupação da Cisjordânia, em 1967, segundo a organização anticolonização "Paz Agora", aumentaria consideravelmente o tempo de transporte, que já dura várias horas, dos trabalhadores palestinos que buscam trabalho em Israel, principalmente na construção civil e restaurante, e salários muito mais elevados que nos territórios palestinos.

"A proposta é inaceitável para o primeiro-ministro. Ele conversou com o ministro da Defesa durante a manhã e decidiu que a proposta será congelada", afirmou uma fonte do gabinete de Netanyahu.

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Sinal da confusão sobre este plano, a rádio pública relatou que o primeiro-ministro não estava ciente que a medida deveria entrar em vigor nesta quarta.

A cada dia, palestinos deixam seus domicílios no meio da noite para ir a pé ou em táxis coletivos aos pontos de passagem para Israel, onde são submetidos a controles de segurança cuja duração varia, explica à AFP Sarit Michaeli, da organização israelense de defesa dos direitos Humanos B'Tselem.

De lá, vão para o trabalho em Israel, graças a um sistema de veículos privados organizado pelos empregadores ou taxis coletivos.

Nos últimos anos, os trabalhadores palestinos criaram o hábito de pegar as linhas de ônibus diretas para voltar à Cisjordânia mais rapidamente à noite.

Cerca de 92 mil palestinos trabalham em Israel de forma legal ou ilegal, segundo o Banco de Israel. O Cogat, um órgão do ministério da Defesa, indicou à AFP que cerca de 52 mil palestinos possuem permissão para trabalhar em Israel.

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O plano de Moshé Yaalon, o ministro da Defesa que acaba de ser reconduzido ao cargo, prevê que eles sejam obrigados a voltar para casa passando por quatro postos de controle, os mesmos que passaram de manhã, e que peguem ônibus palestinos e não mais israelenses.

"Em seu caminho para casa do trabalho, os palestinos enchem os ônibus e falta espaço para os israelenses. Além disso, as mulheres israelenses, incluindo soldados, são muitas vezes vítimas de agressão sexual", afirmou Mordechai Yogev, um deputado do partido nacionalista religioso Lar Judaico que pertence à maioria governamental e advoga pela colonização.

O argumento da segurança "é uma desculpa para ceder à pressão dos colonos que vêm exigindo há anos que trabalhadores palestinos se locomovam em linhas de ônibus separadas de sua própria", rebate Sarit Michaeli .

O líder da oposição, o trabalhista Isaac Herzog, denunciou "uma humilhação desnecessária, uma mancha para Israel e seus cidadãos" que não tem "nada a ver com a segurança". O ex-ministro do Interior, Gideon Saar, um cacique do Likud, o partido de Netanyahu, falou sobre a questão na rádio pública evocando um "atentado aos colonos".

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