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Oriente Médio

Premier canta vitória na Turquia e lança ofensiva contra opositores

18 jun 2013 - 11h04
(atualizado às 11h08)
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O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, proclamou sua vitória em um discurso a deputados de seu partido e lançou uma grande ofensiva contra os militantes de extrema-esquerda acusados por ele de instigar os protestos que agitam o país há vários dias.

"Nossa democracia passou por um nova prova e saiu vitoriosa", declarou Erdogan, ovacionado pelos deputados do Partido da Democracia e da Justiça (AKP).

"O povo e o governo do AKP provocaram o fracasso desta intriga organizada por traidores e seus cúmplices no exterior", acrescentou Erdogan.

Durante mais de uma hora, o premiê denunciou os "saqueadores" e os "anarquistas" que ocuparam as ruas, os "meios de comunicação internacionais" culpados de "desinformação" e as críticas sobre sua intransigência durante a crise e a repressão policial.

"Agradeço mais uma vez a polícia por sua paciência e sentido comum", disse Erdogan, justificando o uso de gás lacrimogêneo.

"Nossa polícia adotou uma atitude democrática contra a violência sistemática e foram aprovados com êxito no teste da democracia", ressaltou.

O primeiro-ministro acusou a oposição de manipular as manifestações, mas também reprovou a sua inação.

"As pessoas quiseram manifestar porque a oposição não cumpre o seu dever", afirmou Erdogan, que advertiu qualquer tentativa de organizar novos protestos no parque Gezi e na praça Taksim de Istambul.

"De agora em diante não haverá tolerância para com pessoas e organizações que levarem adiante ações violentas", alertou.

Na manhã desta terça-feira, a polícia realizou dezenas de detenções de movimentos de extrema-esquerda, suspeitos de terem participado das manifestações.

Em Istambul, a polícia prendeu em suas residências quase 90 membros do Partido Socialista dos Oprimidos (ESP), uma pequena formação ativa nas manifestações, informaram diversas fontes à AFP.

A polícia também invadiu a sede do jornal Atilim e da agência de notícias Etkin, ligados ao partido, informaram os canais NTV e CNN-Türk.

Em Ancara foram registradas 30 detenções e em Eskisehir (noroeste) 13, indicaram as fontes.

Operações policiais também foram realizadas em outras 18 províncias.

Segundo o ministro do Interior, Muammer Güler, também foram detidos 62 pessoas em Istambul e 32 em Ancara em uma operação preparada há meses contra a "organização terrorista MLKP (Partido Comunista Marxista Leninista) que participou nas manifestações do parque Gezi".

A polícia turca já havia detido quase 600 pessoas no domingo em Istambul e Ancara nas manifestações.

Na segunda-feira, o governo turco ameaçou recorrer ao exército para apagar os últimos focos de protesto popular contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

E segundo o jornal Hürriyet Daily News, o ministério da Justiça prepara um projeto de regulamentação da criminalidade na internet com o objetivo de restringir o papel das redes sociais na propagação dos chamados para manifestar.

No início do movimento de contestação, Erdogan afirmou que o Twitter, a rede social preferida dos manifestantes, era um elemento "perturbador".

Por sua vez, os manifestantes inventaram uma nova forma de protesto, a do "homem imóvel", para burlar a proibição de manifestar e desafiar o governo.

Na tarde de segunda-feira, o coreógrafo Erdem Gunduz se manteve imóvel durante várias horas, sem dizer nada, no meio da praça Taksim.

No final do dia, a polícia o expulsou da praça junto a multidão que o cercava.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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