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Oriente Médio

Premiê turco pede fim de protestos em meio à violência

1 jun 2013 - 10h19
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O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, soou desafiador ao pedir o fim das mais violentas manifestações antigoverno em anos neste sábado, quando milhares de manifestantes entraram em conflito com o batalhão de choque da política em Istambul e Ancara pelo segundo dia.

O distúrbio foi desencadeado pelos planos governamentais de erguer apartamentos ou tendas de estilo otomano para receber lojas na Praça Taksim, em Istambul, há tempos usada para protestos políticos, mas se ampliou e virou uma demonstração de desafio contra Erdogan e seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de raiz islâmica.

A polícia disparou gás lacrimogêneo e jatos d´água em uma grande rua comercial à medida que uma multidão de manifestantes entoando "ombro a ombro contra o fascismo" e "governo, demita-se" marchava rumo a Taksim, onde centenas foram feridos em choques na sexta-feira.

Um helicóptero da polícia pairava no céu, e grupos majoritariamente jovens de homens e mulheres, com lenços e máscaras cirúrgicas nos rostos, usavam Facebook e Twitter em seus celulares para tentar se organizar e reagrupar em ruas laterais.

"Se o assunto é realizar reuniões, se é um movimento social, onde eles juntam 20 eu me levantarei e juntarei 200 mil pessoas. Onde juntarem 100 mil, levarei um milhão do meu partido", disse Erdogan em um discurso televisionado.

"A cada quatro anos temos eleições, e esta nação faz sua escolha... aqueles que têm um problema com as políticas de governo podem expressar suas opiniões dentro da estrutura da lei e da democracia", afirmou.

Mais tarde a polícia se retirou do Parque Gezi, em Taksim, onde a manifestação começou pacificamente na segunda-feira, com pessoas armando barracas em protesto contra as árvores que eram arrancadas para a nova empreitada.

Garçons correram para fora dos hotéis de luxo ao longo da praça, no que deveria ser um final de semana movimentado para os turistas em uma das cidades mais visitadas do mundo, levando limões para os manifestante espremerem nos olhos para suavizar os efeitos do gás lacrimogêneo.

"Pessoas de origens diferentes estão se unindo. Isto se tornou um protesto contra o governo, contra Erdogan tomando decisões como um rei", disse Oral Goktas, um arquiteto de 31 anos entre a multidão pacífica que rumava para Taksim.

Erdogan disse que a reforma do Parque Gezi está sendo usada como desculpa para o distúrbio, e alertou o Partido Republicano do Povo, a maior agremiação opositora e que recebeu permissão para realizar um comício em Istambul, para não alimentar as tensões.

Mas as manifestações incluíram um vasto espectro de opositores de Erdogan, e não foram organizadas por nenhum partido político.

Erdogan continua sendo de longe o político mais popular do país, mas seus críticos apontam para o que vêem como autoritarismo de sua parte e intromissão do governo conservador na vida pessoal na república islâmica, acusando-o de se comportar como um sultão dos dias atuais.

(Reportagem adicional de Evrim Ergin, Can Sezer e Murad Sezer em Istambul, Parisa Hafezi em Ancara, Gareth Jones em Berlim)

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