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Oriente Médio

Polícia reprime manifestação em Istambul pelo segundo dia consecutivo

1 jun 2013 - 09h25
(atualizado às 09h40)
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A polícia turca reprimiu neste sábado pelo segundo dia consecutivo uma manifestação no centro de Istambul contra um projeto urbanístico que se transformou em protesto contra o governo do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.

Os incidentes deixaram dezenas de feridos desde a manhã de sexta-feira. Trata-se de um dos maiores protestos já registrados contra o governo islamita de Erdogan, que muitos de seus opositores consideram conservador e autoritário.

Neste sábado, após um longo frente a frente com os manifestantes que montaram uma barricada na avenida Istiqlal, uma rua de pedestres com lojas que leva à praça Taksim, as forças de segurança dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra a multidão, constatou a AFP.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou neste sábado em um discurso pronunciado em Istambul que a polícia permanecerá na praça Taksim para manter a ordem e que o governo não recuará no projeto urbanístico que originou os protestos.

Erdogan também pediu que os manifestantes "parem imediatamente com os protestos" para não prejudicar "os visitantes, pedestres e comerciantes".

"A polícia esteve ontem, está de serviço hoje e estará novamente amanhã porque a praça Taksim não pode ser um lugar onde os extremistas fazem o que querem", declarou Erdogan em seu discurso.

"Peço aos manifestantes que parem imediatamente com os protestos para evitar mais danos aos visitantes, aos pedestres e aos comerciantes", acrescentou.

Os incidentes começaram na manhã de sexta-feira, quando a polícia desalojou com canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo uma centena de pessoas que acampavam em um parque da praça Taksim, no centro da cidade, para impedir que os serviços municipais arrancassem 600 árvores no âmbito de um projeto imobiliário.

A oposição ao projeto da prefeitura, controlada pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, chegou ao plano político e agora critica outros projetos de construção em Istambul, em particular contra uma terceira ponte no estreito do Bósforo, cuja primeira pesar foi colocada na última quarta-feira, e contra um aeroporto gigante.

A violenta intervenção policial de sexta-feira deixou muitos feridos e provocou uma forte mobilização de grande parte da população, que foi se unindo aos protestos ao longo do dia.

A utilização de bombas de gás lacrimogêneo criou uma nuvem tóxica que forçou as autoridades a fechar várias estações de metrô.

Muitos manifestantes sofreram fraturas ou problemas respiratórios.

Uma mulher sofreu uma fratura no crânio e 12 pessoas foram hospitalizadas, indicou na noite de sexta-feira o governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu, que também anunciou 63 detenções.

A Anistia Internacional criticou o "uso excessivo da força diante de manifestantes pacíficos" e a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou os ataques deliberados contra jornalistas, um dos quais foi ferido na cabeça.

Os protestos começaram com um projeto de renovação da praça Taksim que prevê a supressão do parque Gezi para a construção de um centro cultural e a renovação de um quartel da época otomana.

Em Istambul, a sede de um sindicato onde havia sido instalado um serviço de primeiros-socorros com médicos para tratar as erupções cutâneas ou respiratórias provocadas pelas bombas de gás lacrimogêneo serviram de refúgio para centenas de manifestantes.

Outros militantes constituíram uma célula de crise. "Tentamos mandar advogados quando detêm pessoas, fornecer atendimento médico e coletar informação", indicou o advogado Can Atalay.

Erdogan também se tornou alvo nas redes sociais, onde na sexta-feira o chamavam de "Tayyip, o químico" ou "o homem que gasifica", referindo-se à grande utilização de bombas de gás lacrimogêneo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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