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Oriente Médio

Polícia e oposição entram em confronto nas ruas de Teerã

14 fev 2011 - 13h31
(atualizado às 16h31)
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Batalhões de choque da polícia iraniana foram mobilizados nesta segunda-feira em Teerã para dispersar os manifestantes que participavam de uma passeata, convocada para apoiar as revoltas do mundo árabe. A manifestação, porém, logo transformou-se em um ato político contra o governo.

Fotografia tirada por manifestante mostra um grupo opositor enfrentando policiais nas ruas de Teerã
Fotografia tirada por manifestante mostra um grupo opositor enfrentando policiais nas ruas de Teerã
Foto: AP

Os enfrentamentos aconteceram na Praça Azadi (Liberdade), no centro da capital, onde partidários da reprimida oposição iraniana cantavam slogans como "Morte do Ditador!" - repetindo uma frase que se tornou célebre durante as manifestações antigoverno após a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad, em 2009.

Testemunhas relataram que a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e atirou com balas de tinta contra os manifestantes, que organizaram o protesto apesar da proibição das autoridades. Segundo sites e relatos de testemunhas, milhares de oposicionistas tomaram as ruas da capital iraniana para apoiar a mobilização.

Mais cedo, a polícia iraniana bloqueou o acesso à casa do ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi, um dos líderes da oposição, para impedir que ele participasse da manifestação. Além disso, as linhas telefônicas de sua residência foram cortadas, como denunciou nesta segunda-feira seu site Kaleme.com.

"Todas as linhas de telefone fixo e móvel de Mousavi e de sua mulher Zahra Rahnavard estão cortadas desde ontem (domingo). Desde a manhã de hoje, a rua onde fica sua casa foi fechada por carros da polícia", informou o site. "Várias viaturas da polícia estão estacionadas na rua e é impossível circular", acrescentou o Kaleme.com.

Mousavi e Zahra Rahnavard tentaram sair de casa às 14h45 (9h15 de Brasília), mas foram impedidos pelos policiais. A casa de outro líder da oposição, o ex-chefe do parlamento Mehdi Karubi, também está sendo vigiada por agentes do governo desde quinta-feira.

Mousavi e Karubi haviam pedido uma autorização para organizar nesta segunda-feira passeatas de apoio às revoltas na Tunísia e no Egito, mas o regime proibiu qualquer manifestação, alegando que se tratava de uma desculpa para protestar contra o governo.

O governo do Irã declarou apoio às massivas revoltas populares na Tunísia e no Egito, que terminaram com a derrocada dos presidente Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro, e Hosni Mubarak, na última sexta-feira. Entretanto, o secretário político do ministério do Interior, Mahmud Abaszadeh Meshkini, reiterou nesta segunda-feira que a oposição não tem autorização do governo para manifestações de qualquer espécie.

Os manifestantes caminharam silenciosamente em direção à Praça Azadi, partindo de diferentes partes de Teerã e agrupados em pequenas concentrações. "Milhares de pessoas se reuniram sem gritar frases de protesto ao redor da praça Enghelab, no centro de Teerã", reportou o site Kaleme.com. A mídia internacional foi proibida pelo governo de acompanhar as manifestações.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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