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Oriente Médio

Pela primeira vez, Farc admitem parte da culpa pela violência na Colômbia

20 ago 2013 - 19h22
(atualizado às 19h47)
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A maior organização rebelde da Colômbia admitiu nesta terça-feira pela primeira vez ter responsabilidade parcial pela violência das últimas décadas e propôs a criação de uma comissão para investigar as causas de um conflito armado que matou mais de 200 mil pessoas.

A admissão das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ocorre após declaração semelhante por parte do governo colombiano e parece marcar um avanço nas negociações de paz que se arrastam há nove meses em Havana, enquanto os combates continuam na Colômbia.

"As Farc estão cientes de que até agora não houve vitoriosos nem vencidos e que a luta continua", disse nota lida pelo negociador rebelde Pablo Catatumbo em Havana. "Sem dúvida, houve também crueldade e dor causadas por nossas forças."

O governo colombiano e outros setores da sociedade acusavam as Farc, com estimados 8 mil membros, de se esquivarem da sua responsabilidade pela violência e pelo deslocamento de milhões de pessoas ao longo dos anos.

No mês passado, uma comissão governamental declarou que o governo, os rebeldes e os paramilitares de direita eram conjuntamente responsáveis pela carnificina causada pelos conflitos.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, admitiu na época que o Estado colombiano foi responsável por sérias violações dos direitos humanos durante o conflito.

As discussões para encerrar o último conflito remanescente da América Latina, que já dura mais de cinco décadas, começaram em novembro. As duas partes abordam uma pauta de cinco itens, mas só concluíram um acordo parcial a respeito de um deles, a reforma agrária.

Os negociadores estão agora discutindo a inclusão das Farc no sistema político, e então passarão para as indenizações às vítimas do conflito, à questão do narcotráfico e ao encerramento do conflito propriamente dito.

A nota disse que as Farc propõem a criação de uma comissão com especialistas colombianos e estrangeiros para investigar as causas do conflito, com vistas à indenização para as vítimas.

"Precisamos todos reconhecer a necessidade de abordar a questão das vítimas, sua identidade e a reparação, com completa fidelidade à causa da paz e a reconciliação", disse o texto.

(Reportagem de Nelson Acosta e Marc Frank)

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