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Oriente Médio

Partes de Síria e Iraque em poder do Estado Islâmico estão inacessíveis, diz Cruz Vermelha

13 mar 2015 - 15h47
(atualizado às 15h47)
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A Cruz Vermelha só tem acesso esporádico a áreas do Iraque e da Síria que estão em poder do Estado Islâmico, apesar das enormes necessidades das 10 milhões de pessoas que vivem sob seu controle, afirmou o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta sexta-feira.

O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, fala à Reuters em Genebra, na Suíça, nesta sexta-feira. 13/03/2015
O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, fala à Reuters em Genebra, na Suíça, nesta sexta-feira. 13/03/2015
Foto: Denis Balibouse / Reuters

Em entrevista para assinalar o início do quinto ano da guerra na Síria, Peter Maurer também expressou a esperança de que um cessar-fogo possa ser obtido em Aleppo para permitir que mais ajuda seja distribuída na segunda maior cidade do país devastado.

"Estamos vendo, no Iraque e na Síria, uma área ampla onde cerca de 10 milhões de pessoas ou mais estão vivendo em áreas controladas pelo Estado Islâmico. Não temos acesso estável e confiável a esta região”, disse Maurer à Reuters em seu escritório em Genebra.

O Estado Islâmico governa um califado autoproclamado em regiões sunitas sírias e iraquianas.

O CICV tem conseguido expandir consideravelmente as operações em várias partes dos dois países, cruzando linhas de batalha para entregar assistência humanitária, contou Maurer.

"Mas me permita também ser muito honesto. Há lugares na Síria e no Iraque nos quais não temos conseguido entregar nada, e onde ainda ansiamos por negociar o acesso a essas populações", afirmou o suíço.

Há "pontos cegos" inacessíveis no norte e no sul sírios, disse, mas o CICV forneceu auxílio a áreas sitiadas, inclusive a Moadimiya, um subúrbio de Damasco.

Aleppo, por exemplo, só tem uma hora e meia de eletricidade por dia, e as condições locais causam "grande preocupação", afirmou. Na semana passada, o CICV retirou 17 pessoas incapacitadas pelas linhas de combate para serem tratadas e restaurou o gerador de um hospital.

A cidade, cerca de 50 quilômetros ao sul da fronteira com a Turquia, não está sob o controle do Estado Islâmico, mas dividida entre forças do governo e grupos insurgentes que lutam para depor o presidente sírio, Bashar al-Assad, em uma guerra que já desabrigou mais de 7,6 milhões de pessoas em solo sírio e matou pelo menos 200 mil.

O mediador da Organização das Nações Unidas (ONU), Staffan de Mistura, tenta negociar um cessar-fogo na cidade.

AMBIENTE COMPLEXO

O Estado Islâmico passou a controlar muitos aspectos da vida cotidiana das áreas sob seu comando na Síria e no Iraque, incluindo o tráfego, bancos, escolas, tribunais e mesquitas.

Mesmo assim, a Cruz Vermelha diz que faltam coisas básicas como alimento, água limpa e remédios na Síria, onde boa parte da infraestrutura foi destruída.

O CICV tem acesso a "alguns lugares" da Síria de posse do Estado Islâmico, afirmou Maurer, citando seus reparos na água e no saneamento em Raqqa, província do norte sírio.

"É um ambiente muito complexo, não é uma situação na qual podemos contar com redes de comando unificadas que nos dariam garantias imediatas de segurança e proteção para nos mobilizarmos nessas circunstâncias difíceis", explicou.

Ele disse que no Iraque a entidade conseguiu entrar e fazer entregas na cidade de Mosul, mas nem todos os dias em que as pessoas precisam. "Conseguimos entrar em Fallujua e fazer algumas coisas, e em algumas outras cidades do Iraque", disse.

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