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Oriente Médio

Papa diz que Vaticano apóia criação de Estado palestino

13 mai 2009 - 03h30
(atualizado às 07h47)
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O papa Bento XVI afirmou nesta quarta-feira em Belém que a Santa Sé apoia categoricamente o direito dos palestinos a um Estado "na terra de seus antepassados, seguro, em paz com seus vizinhos e com as fronteiras reconhecidas internacionalmente".

Papa reza missa do lado de fora da igreja da Natividade, em Belém
Papa reza missa do lado de fora da igreja da Natividade, em Belém
Foto: Reuters

Em encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, o pontífice "suplicou" a todas as partes envolvidas no "antigo conflito que deixem de lado qualquer rancor e percebam que ainda é possível caminhar pela estrada da reconciliação".

"A Santa Sé apoia o direito de seu povo a uma pátria soberana palestina na terra de seus antepassados, segura, em paz com seus vizinhos, com as fronteiras internacionalmente reconhecidas. E enquanto esse objetivo parece distante, peço ao senhor (Abbas) e a seu povo que mantenham viva a chama da esperança", afirmou.

Bento XVI defendeu ainda uma coexistência pacífica entre os povos do Oriente Médio, que só pode ser alcançada com um espírito de cooperação e respeito mútuo, e pediu à comunidade internacional que "use sua influência" em favor de uma solução.

Em pronunciamento com forte caráter político, o pontífice lembrou a frase de João Paulo II de que "não pode haver paz sem justiça nem justiça sem perdão". "Acredito que através de um honesto e perseverante diálogo, com pleno respeito às expectativas de justiça, será possível alcançar nestas terras uma paz duradoura", assegurou.

Junto ao pedido de um Estado soberano, o papa pediu aos jovens que "resistam" a recorrer a atos de violência ou de terrorismo e que se mostrem "determinados a conseguir a paz". "Não permitam que a perda de vidas e as destruições, das quais foram testemunhas, gerem amargura ou ressentimento em seus corações.

Tenham a coragem de resistir a qualquer tentação de violência ou terrorismo. Ao contrário, atuem para que tudo que sofreram sirva de determinação para construir a paz", disse. O pontífice, 82 anos, expressou sua solidariedade aos palestinos, que sofreram "e estão sofrendo com as agitações que afligem sua terra há anos".

"Meu coração se dirige a todas as famílias que ficaram sem casa, aos que choram a perda de familiares em ações hostis, particularmente durante o recente conflito de Gaza", afirmou. O papa também defendeu uma maior liberdade de movimento para os palestinos, com a permissão de ter contato com familiares e o acesso aos lugares santos.

Mahmoud Abbas denunciou ao pontífice a ocupação israelense da Cisjordânia. "Nesta Terra Santa estão aqueles que continuam construindo muros de separação em vez de pontes, e que forçam muçulmanos e cristãos a abandonar esta terra", disse Abbas, que denunciou que "as casas são derrubadas e os terrenos confiscados".

O presidente da ANP também ressaltou a necessidade de "dois Estados soberanos, que vivam um ao lado do outro, em paz e estabilidade, e pediu uma solução para o problema dos refugiados". "Queremos a paz e temos a esperança de que amanhã não haverá ocupação, postos de bloqueio, prisioneiros ou refugiados, mas somente convivência e bem-estar", disse Abbas, que mais uma vez reivindicou Jerusalém Oriental como capital da Palestina.

Depois de "implorar" a Deus por uma paz justa e duradoura, "em todos os territórios palestinos e em toda a região", Bento XVI celebrou uma missa para cerca de cinco mil pessoas na praça da Manjedoura, onde fica a basílica da Natividade.

Entre os presentes estavam aproximadamente 50 católicos que vivem na Faixa de Gaza e receberam autorização das autoridades israelenses para assistir à missa.

Durante a missa, o patriarca latino de Jerusalém, dom Fouad Twal, disse que "a Palestina precisa de paz, justiça e reconciliação", e afirmou que enquanto existir o muro construído por Israel que os separa do mundo, "não será possível alcançar a paz". Após a missa o papa, visitará a Gruta da Natividade e um campo de refugiados.

EFE   
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