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Oriente Médio

Palestinos prestam homenagens no 11º aniversário da morte de Arafat

11 nov 2015 - 18h26
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Centenas de pessoas compareceram nesta quarta-feira à cidade cisjordaniana de Ramala para deixar flores no túmulo de Yasser Arafat, pai do nacionalismo palestino, para lembrar o 11º aniversário de sua morte.

Os visitantes começaram a chegar pela manhã ao palácio da Muqata - sede da presidência palestina onde descansam os restos de Arafat, em um mausoléu de mármore branco vigiado pela guarda presidencial - para prestar homenagens a um homem que ainda é estandarte da resistência do povo, dentro e fora da Palestina.

O dia 11 de novembro "é crítico para o povo palestino", declarou à Agência Efe Riad Aweda, natural de Ramala e integrante do partido nacionalista Fatah, fundado por Arafat em 1959 como movimento de libertação.

"Arafat não era ele sozinho, representa todos os palestinos. Ele estabeleceu a revolução moderna no século passado e até agora seus princípios, seus conceitos, estão vivos nas crianças palestinas", afirma o funcionário do governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Para ele, Abu Amar - nome de guerra de Yasser Arafat - "continua sendo o líder, por sua luta e por levantar a Palestina perante o mundo".

Mais de dez coroas de flores descansavam aos pés do mausoléu, diante do qual as pessoas demonstraram respeito, mantiveram silêncio e rezaram.

Rim é uma palestina que milita para um partido de esquerda e, enquanto tremula uma bandeira palestina, explica o motivo de sua visita.

"Vim para confirmar a Arafat e a mim mesma que seguimos resistindo e que é nosso direito. Ele lutou e se encontrou na resistência. Já é hora de defendermos nossos direitos e nosso futuro", disse.

Do palácio de Muqata e ao som de canções que relembravam sua figura, uma coluna de jovens marchou em direção a um posto de controle israelense, onde ocorreram confrontos com os soldados que terminaram com mais de 70 feridos, um deles em estado muito grave ao receber um tiro no peito, informou a agência palestina "Ma'an".

Os distúrbios e feridos se multiplicaram pela Cisjordânia ocupada após as manifestações organizadas em comemoração desse aniversário, assim como em Gaza, onde o movimento islamita Hamas recusou o pedido feito por Fatah de realizar um grande evento ao ar livre.

Fatah e Hamas se confrontam desde 2007, quando o movimento islamita tomou o controle da faixa a força após expulsar os nacionalistas, que ficaram sem poder no enclave.

Apesar das várias tentativas de reconciliação, até o momento não foi possível eliminar a lacuna aberta entre ambas as partes que, no entanto, ontem se aproximaram graças a um gesto inesperado do Hamas: horas antes do aniversário, entregou ao Fatah as chaves da casa de Arafat em Gaza.

O líder do partido nacionalista em Gaza, Zacarias al Agha, agradeceu o gesto e ressaltou a importância de seguir o caminho estabelecido pelo primeiro presidente palestino, "que sempre lutou pela união nacional por acreditar que esse era o principal objetivo".

Arafat ensinou aos palestinos que o único caminho para a libertação da ocupação israelense eram eles mesmos e aceitou criar um marco, os Acordos de Oslo, suposta via para a constituição de um Estado palestino independente.

Agora, os palestinos se mostram frustrados pela estagnação política que, segundo explicam, os levou a protagonizar uma onda de violência.

Os palestinos continuam a olhar com nostalgia a figura de Arafat, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz e o Príncipe das Astúrias em 1994 e foi capaz de unir o povo em torno de uma mesma causa, e cujo rosto ainda inunda as ruas de cidades da Cisjordânia.

"Onze anos depois, aqui seguimos. Enquanto isso, a ocupação israelense mata nossos filhos e se apodera de nossa terra. Por isto, a cada certo tempo, o nosso povo explode, não aguentamos mais, estamos furiosos. Tentamos lutar, alcançar nossos objetivos e estabelecer nosso Estado com capital em Jerusalém, como ele quis", analisou Aweda.

Yasser Arafat morreu em 11 de novembro de 2004 no hospital militar de Paris, ao qual dias antes tinha sido transferido da Ramala após uma piora no estado de saúde. Sintomas de um transtorno gastrointestinal começaram a aparecer no dia 12 de outubro desse ano, entre rumores de um suposto envenenamento.

Há pouco mais de dois meses, a justiça francesa decidiu arquivar o processo de investigação aberto por esse suposto envenenamento devido à falta de provas.

EFE   
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