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Oriente Médio

Países do leste da África conseguem adiar eleições no Burundi

31 mai 2015 - 18h27
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"Profundamente preocupados com a situação" atual no Burundi, os países do leste da África pediram e conseguiram o adiamento das eleições burundinesas em pelo menos um mês e meio, um gesto insuficiente para a oposição, contrária a um terceiro mandato para o presidente Pierre Nkurunziza.

Os opositores à candidatura do chefe de Estado burundinês atual se disseram "decepcionados" com o resultado da reunião deste domingo em Dar es Salam (Tanzânia) e pediram novas manifestações para fazer Nkurunziza renunciar.

Os dirigentes da África oriental tinham pedido "um longo adiamento das eleições" legislativas e locais, previstas, a princípio, para a próxima sexta-feira, de "não menos de um mês e meio" e exigiram que "todas as partes ponham fim à violência".

Os países reunidos também incentivaram "o governo burundinês a criar todas as condições necessárias para o retorno dos refugiados (burundineses) ao seu país", mas se abstiveram de se pronunciar sobre a candidatura de Nkurunziza às presidenciais, previstas para 26 de junho.

A cúpula foi realizada sem seu protagonista principal, o presidente burundinês Pierre Nkurunziza que, segundo seu porta-voz, Philippe Nzobonariba, ficou no país para fazer campanha para as eleições gerais.

"O governo do Burundi acolheu positivamente a proposta dos chefes de Estado" sobre o adiamento das eleições, declarou o porta-voz da AFP.

"Este período nos permitirá sentar juntos e discutir a participação de todos", acrescentou, destacando que era a comissão eleitoral a que devia se encarregar de fixar o novo calendário.

Uma vez que "não se discutiu" a questão do terceiro mandato durante a cúpula "por ser competência da soberania de cada Estado", considerou a "a questão superada".

"De que forma está superada?", retrucou Pacifique Nininahazwe, um dos líderes dos protestos. "Não são os chefes de Estado que estão na rua e vamos nos manifestar com força ainda maior para que Nkurunziza vá embora".

O Burundi atravessa uma grave crise política desde que Nkurunziza anunciou a intenção de se apresentar para as eleições de 26 de junho, provocando protestos populares na capital, Bujumbura, que continuam apesar da forte repressão policial.

Os manifestantes consideram que um terceiro mandato é inconstitucional e contrário aos acordos de paz de Arusha, que puseram um fim à guerra civil do Burundi (1993-2006).

Já os seguidores do governo defendem a legalidade da candidatura, pois Nkurunziza não foi votado para chegar ao poder em 2005, mas nomeado pelo Parlamento.

O presidente tinha participado de uma primeira cúpula sobre a crise burundinesa, em 13 de maio passado, em Dar es Salam, que foi perturbada por uma tentativa de golpe de Estado em seu país.

Seu retorno ao Burundi conseguiu sufocar as opções dos golpistas, embora não tenha conseguido aplacar as manifestações de seus opositores.

"Espiral de violência", "país à beira do abismo", "radicalização": os observadores coincidem ao prever um futuro negro para Burundi.

Em um mês, os distúrbios deixaram mais de 30 mortos, frequentemente vítimas de tiros da polícia. Assassinatos de opositores, surras, jovens do partido presidencial acusados de formar uma milícia, alguns incidentes lembram os anos anteriores à guerra civil que assolou o país.

Horas antes do fim da cúpula, um diplomata próximo às negociações disse à AFP que o objetivo era conseguir tempo suficiente "para preparar as eleições e pedir a Nkurunziza" que deixe "os partidos políticos e os meios de comunicação trabalhar e se expressar livremente".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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