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Oriente Médio

Pacifista israelense defende acordo interino de paz com palestinos

29 jul 2013 - 11h25
(atualizado às 11h30)
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O líder pacifista israelense Yossi Beilin disse nesta segunda-feira que é a favor de um acordo de paz interino entre israelenses e palestinos, caso não consigam chegar a uma solução permanente no prazo de um ano, pois, segundo o mesmo, a alternativa será muito pior.

"O pior que pode acontecer é perder um ano inteiro em negociações fúteis que não nos levem a lugar algum para depois chegar à conclusão de que devemos tentar um interino, o que, na minha opinião, será (então) impossível", disse o dirigente pacifista em um encontro com a imprensa em Jerusalém.

Israelenses e palestinos retomam as negociações em Washington nesta noite, depois de cerca de três anos sem diálogo, em função dos contundentes esforços do secretário de estado americano, John Kerry, nos últimos meses.

O veterano líder pacifista, ex-ministro israelense e um dos arquitetos do acordo de paz de Oslo (1993) acredita que as expectativas colocadas para esta nova rodada de contatos são muito baixas.

Beilin apontou que, apesar da ideia de uma solução interina parecer contraproducente e acabar descartada plenamente por uma das partes ou pelas duas, com o tempo, ela pode ser a opção mais viável, dada a improbabilidade prática de que israelenses e palestinos firmem um acordo definitivo. "Quando os Estados Unidos perceberem que está começando um jogo em que um lado culpa o outro (do fracasso do diálogo), deve haver um plano B", considerou Beilin.

O líder opinou que, semânticas à parte - pois seria preciso encontrar uma terminologia que agrade aos dois lados -, eles deveriam optar pelo acordo interino. "Devem optar pelo acordo gradual permanente, o que implica em um Estado palestino de imediato e, depois, em negociações entre os dois governos sobre um acordo permanente", explicou.

Beilin garantiu que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, é consciente que "por trás da ideia de um acordo interino se esconde a de um permanente", e, como exemplo, citou que "Oslo se tornou um acordo permanente durante 20 anos" e isso encoraja a "fazer outro melhor".

Uma das razões que trouxe uma mudança no panorama atual em relação ao último diálogo é o elevado número de refugiados palestinos deslocados do conflito na Síria, que devem ser a prioridade do dirigente da Autoridade Nacional Palestina, disse Beilin. "Você tem um problema real, é diferente de dois anos atrás. É melhor que você tenha um pequeno estado palestino", disse à Abbas.

Beilin disse ainda que Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, gosta da ideia do acordo provisório, "porque está próximo de sua ideologia, embora isso não signifique que vá colocá-lo em prática".

O líder pacifista ressaltou que o retorno do diálogo é o resultado da perseverança de Kerry, e considerou muito propício que a conversa aconteça em Washington e não no Oriente Médio.

Beilin afirmou que a União Europeia deve se envolver nos atuais esforços de paz, ajudando na criação do Estado palestino e na absorção de refugiados, enquanto o mundo árabe deve fazer parte do processo e deve estabeler um calendário sério.

O dirigente propôs que países árabes e muçulmanos abram delegações comerciais em Jerusalém enquanto durar a negociação, se mostrou a favor de "não se esquecer o Hamas" e de dialogar direta ou indiretamente com o grupo que controla Gaza, especialmente após os eventos no Egito: "Queremos que seja neutro e que tenha uma normalização parcial para que não sabotem o processo".

Beilin disse ainda que Israel deveria considerar que os colonos judeus fiquem sob soberania palestina, coisa que ainda não era uma questão, mas que "chegou a hora de abordar esse assunto".

EFE   
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