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Oriente Médio

Oposição síria traça planos para futuro pós Assad

1 jan 2012 - 15h27
(atualizado às 16h55)
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Dois dos principais partidos de oposição da Síria concordaram num plano para garantir a democracia, caso um levante popular consiga derrubar o presidente Bashar al-Assad, de acordo com a cópia do documento visto pela Reuters. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas na Síria, na sexta-feira, para mostrar a força do seu movimento aos monitores da Liga Árabe que estão verificando se Assad está, de fato, implementando a promessa de acabar com a repressão violenta à revolta que assola o país desde março.

A missão dos observadores já gerou controvérsias, devido à falta de informações do líder sudanês, general Mohammed al-Dabi, sugerindo que ele estava confiante nas primeiras impressões do que viu em Homs, um dos primeiros centros da agitação. Mais tarde, ele voltou atrás, mas pareceu que causaria novas preocupações de que a missão estaria sendo mais tolerante com a Síria, ao questionar os comentários de um dos seus observadores em Deraa, berço da revolta, postados em um vídeo no YouTube, no sábado.

"Vimos franco-atiradores na cidade, nós os vimos com nossos próprios olhos," disse um observador em árabe, visivelmente preocupado. "Vamos pedir ao governo que peça a saída deles imediatamente. Vamos entrar em contato com a Liga Árabe no Cairo."

O Observatório de Direitos Humanos Sírio, baseado na Grã-Bretanha, disse que as forças de segurança mataram 27 pessoas na sexta-feira, em áreas onde não havia observadores, aumentando o número de mortos, já contabilizado pela ONU em 5 mil pessoas, em sua maioria, civis desarmados. O Observatório disse que quatro civis foram mortos no sábado, 3 por franco-atiradores.

Com pouca confiança na missão dos observadores da Liga Árabe, grupos de oposição estão tentando criar um movimento coeso, para aumentar a pressão política e a sua credibilidade, diante dos outros países que temem que o caos se instale, depois da saída de Assad. De acordo com Mouhlhem Droubi, uma importante autoridade do SNC, membro da Irmandade Muçulmana da Síria, o principal grupo de oposição no exílio, o Conselho Nacional Sírio, assinou o acordo na sexta-feira, com o Comitê De Coordenação Nacional.

Os dois grupos atraíram a atenção dos países do Ocidente, mas não ficou claro quanto poder eles têm junto aos manifestantes. O documento visto pela Reuters diz que o acordo será apresentado a outros grupos da oposição durante uma conferência no mês que vem.

Sem intervenção

O Comitê de Coordenação Nacional discordou com o pedido do SNC de uma intervenção estrangeira - uma das muitas questões que impedem que os grupos de oposição concordem em como deverá ser a Síria pós Assad.

No seu pacto, ambos os lados "rejeitam qualquer intervenção militar que prejudique a soberania ou a estabilidade do país, embora uma intervenção árabe não seja considerada como sendo estrangeira."

Os grupos determinaram um período de transição de um ano, que poderá ser renovado, uma vez, caso seja necessário. Durante este período, a Síria adotaria uma nova constituição, "que garanta um sistema parlamentar para um país democrático de pluralidade civil." O documento também reforça que a liberdade religiosa será garantida pela nova constituição e condena qualquer sinal de sectarismo ou "militarização sectária".

Manifestaçõpes pró-Assad

A agência de notícias Sana relatou que "grandes manifestações" de apoio a Assad e contra "a conspiração a que a Síria está exposta," aconteceram em toda a Síria, na sexta-feira. Acrescentando que os manifestantes denunciaram "a pressão e campanhas tendenciosas visando a segurança e estabilidade da Síria" e as "mentiras e invenções da mídia."

Alguns manifestantes decidiram depositar as suas esperanças no apoio ao Exército Livre da Síria, um grupo de desertores do exército e de rebeldes armados, que assumiram a luta contra as forças de Assad algumas vezes ofuscando os protesto pacíficos.

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